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Português - 9º ano

Auto da Barca do Inferno

Mársio Soares, Sara Marília e Vânia Costa

Escola Básica 2 3 de Souselo

Data de Publicação: 01/09/2007

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Auto da Barca do Inferno
de
GIL VICENTE

 

 

Introdução

 

Este trabalho fala sobre uma das obras de Gil Vicente – “O Auto da Barca do Inferno”.

Neste trabalho faz-se um resumo e uma análise de algumas cenas: o onzeneiro, o sapateiro, o enforcado e o frade.

Cada cena é analisada nos seguintes pontos: os símbolos das personagens que entram em cena, os argumentos de acusação, os argumentos de defesa e os recursos estilísticos presentes.

 

 

Características do Auto da Barca do Inferno

 

Peça teatral, escrita por Gil Vicente, num único acto, subdividido em cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com as várias personagens.

O cenário desta peça teatral consiste num ancoradouro, no qual estão atracadas duas barcas. Todos os mortos, necessariamente, têm a passar por este paragem, sendo julgados e condenados ou à barca da Glória ou à barca do Inferno. 

Cada personagem apresenta, através da fala, traços que denunciam a sua condição social. As personagens focalizadas entram na morte com os seus instrumentos terrenos, são venais, inconscientes e por causa dos seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna. Destaque deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que conhece a arte de persuadir, é ágil no ataque, cabe a este denunciar os vícios e as fraquezas, sendo a personagem mais importante na crítica que Gil Vicente tece da sua época. 

 

 

Análise de algumas cenas

 

Cena III

Onzeneiro: O segundo personagem a ser inquirido que ao chegar à barca do Diabo descobre que o seu rico dinheiro ficara em terra. Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o Diabo a deixa-lo retornar, mas acaba cedendo às exigências do julgamento.

Símbolo que o caracteriza: Saco do dinheiro.

Argumentos de acusação: O onzeneiro é acusado de ser parente do Diabo; usar de maldade para explorar os mais pobres; de ser ganancioso e materialista.

Argumentos de defesa: O onzeneiro usa como argumentos de defesa o facto de ter tido uma morte súbita; ter o bolsão/saco vazio e de Satanás o ter cegado.

Recursos estilísticos:

- Pleonasmo:

“Ora mui muito m´ espanto…”

- Aliteração:

“Hou da baça! Houlá! Hou! Haveis logo de partir?”

Percurso cénico do Onzeneiro:

  Cais ® Barca do Inferno ® Barca da Glória ® Barca do Inferno ® Embarca

 

Cena V

Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando os seus instrumentos de trabalho: as formas e o avental. Engana na vida e procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar pelos seus artifícios.

Símbolos que o caracterizam: Formas de sapatos e o avental.

Argumentos de acusação: O sapateiro é acusado de ter morrido excomungado; de ter calado dois mil enganos; de ter roubado o povo com a sua profissão; enfim, não vivia honestamente.

Argumentos de defesa: O sapateiro usa como defesa, para não embarcar na barca do Inferno, o facto de ter dado dinheiro à igreja e de ter mandado rezar orações pelos defuntos, enquanto era vivo.

Recursos estilísticos:

- Anáfora:

“E as ofertas, que darão?
E as horas dos finados?
E os dinehrios mal levados…”

- Ironia:

“Santo sapateiro honrado!
Como vens tão carregado?”

Percurso cénico do Sapateiro:

  Cais ® Barca do Inferno ® Barca da Glória ® Barca do Inferno ® Embarca

 

Cena VI

· Frade: Como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau carácter. Acompanhado da sua amante, o Frade acredita que por ter rezado e estar ao serviço da fé, deveria ser perdoado ao fogo do Inferno. Gil Vicente crítica fortemente o clero, acreditando este ser incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a verdade e a fé.

· Símbolos que o caracterizam: Uma moça, um broquel, uma espada e um casco debaixo do capelo.

· Argumentos de acusação: O Frade é acusado de ter folgado com uma mulher; ser infiel perante a igreja pois era dado aos prazeres do mundo e também é acusado de roubo.

· Argumentos de defesa: O Frade usa como defesa o facto de ser da corte; de usar o hábito e de ter rezado os salmos.

· Recursos estilísticos:

- Perífrase:

“Pêra aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.”

- Ironia:

“Devoto padre marido,
haveis de ser cá pingado…”

· Percurso cénico do Frade:

  Cais ® Barca do Inferno ® Barca da Glória ® Barca do Inferno ® Embarca

 

Cena X

· Enforcado: Chega ao batel acreditando ter o perdão garantido pois o seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido dos seus pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.

· Símbolo que o caracteriza: Corda ao pescoço.

· Argumentos de acusação: O enforcado é acusado de ter sido ladrão e de ter sido condenado à morte.

· Argumentos de defesa: O enforcado usa como defesa o facto de ter sido condenado à morte e enforcado, segundo ele os que morrem assim são livres de Satanás.  

· Recursos estilísticos:

- Anáfora:

“Disse que era o Limoeiro,
e ora por ele o salteiro
e o pregão vitatório;
e que era mui notório…”

- Ironia:

“Entra cá, governarás
atá as portas do inferno.”

· Percurso cénico do Enforcado:

  Cais ® Barca Do Inferno ® Embarca

 

 

Conclusão

 

Ao realizarmos este trabalho ficamos a conhecer um pouco melhor uma das muitas obras escritas por Gil Vicente – “O Auto da Barca do Inferno”.

Neste trabalho foram analisadas quatro das cenas que constituem esta peça teatral: cena III: o onzeneiro; cena V: o sapateiro; cena VI: o frade e a cena X: o enforcado. Esta cenas foram analisadas nos seguintes aspectos: os símbolos das personagens que entram em cena, os argumentos de acusação, os argumentos de defesa e os recursos estilísticos presentes.

Através desta peça Gil Vicente critica a sociedade portuguesa da sua época, como foi possível observar na análise destas quatro cenas.  

 

 

Bibliografia

 

· TEIXEIRA, Maria Ascensão; BETTENCOURT, Maria Assunção; Língua Portuguesa 9 – 9º ano; Texto Editora, Lisboa; 2004.

· www.portrasdasletras.com.br

Mársio Soares

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