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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 12º Ano |
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XXVIII Autores: Inês Salgado Escola: [Escola não identificada] Data de Publicação: 28/07/2011 Resumo do Trabalho: Análise do poema XXVIII de Alberto Caeiro, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano). Ver Trabalho Completo Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.
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XXVIII, de Alberto Caeiro (pág. 40 do manual)
Li hoje quase duas
páginas Análise Interna: Neste poema um dos temas presentes é a recusa à metafísica, muito comum em Alberto Caeiro. Ele fala dos poetas místicos, que pensam sobre tudo o que vêem. Para ele a Natureza é para ser sentida apenas pelas sensações (sensacionismo), como a visão e não para ser “mistificada”. Para Alberto Caeiro estes são poetas falsos, pois para ele ao pensarmos, entramos num mundo incerto e não na descrição da realidade como ela é. Analisemos agora estrofe a estrofe. Na primeira estrofe, o sujeito poético começa por dizer que leu «quase duas páginas do livro dum poeta místico». Apercebemo-nos logo que é um livro que ele não gosta ou que lhe custa a ler, pois leu apenas quase duas páginas. Estamos, também, presente uma pessoa com baixa instrução, que normalmente indica uma pessoa que não tem hábitos de leitura, por isso lê poucos livros e pouco de cada vez. Quando fala «dum poeta místico» estamos perante uma metáfora, em que o sujeito lírico compara os poetas que tentam explicar subjectivamente a realidade com poetas místicos, ou seja apologistas da metafísica. No terceiro verso ele “ri como quem tem chorado muito”, faz aqui uma comparação (através da palavra como) entre o riso ser como se estivesse a chorar. Esta comparação faz nos pensar num riso falso, que denota um desgosto por este tipo de poesia que não mostra a realidade como ela é, entrando num campo cheio de conjecturas e não certezas. A segunda estrofe é constituída por duas metáforas. Primeiro ele compara os poetas místicos com filósofos doentes e depois compara os filósofos com homens doidos. Os filósofos são pessoas que não analisam apenas o que vêem, mas tentam explicar e compreender todas as coisas. Coisa que para o sujeito poético é visto como algo de «homens doidos». Os poetas místicos são os metafísicos (um campo da filosofia), ou seja os filósofos doentes, que tentam ver a essência das coisas e não o que as coisas são realmente. Doentes dá uma denotação má a esses poetas, para ele pensar tanto nas coisas como este poetas fazem, é uma coisa má que faz sofrer. Na terceira estrofe, explica o que fazem os poetas místicos, dizendo que «as flores sentem», «as pedras têm alma» e que «os rios têm êxtases ao luar”. Coisas que não são visíveis ou sentidas. Vemos aqui várias personificações seguidas, dando características às flores, pedras e rio que não percepcionamos. Na quarta estrofe o sujeito poético critica a criação poética dos poetas místicos. Diz que ao estar a darem características das pessoas a entes inanimados, não estão a transmitir a realidade. Esses entes deixam de ser entes, passam a ser gente. A poesia não é para se inventar ou para suposições, é para mostrar a realidade tal como ela é de verdade, que apenas se percepciona através das sensações. A estrofe é constituída por várias personificações. Nesta estrofe vemos, novamente, a comparação com homens doentes, neste caso os rios se «tivessem êxtases ao luar». Outra vez a conotação de uma coisa má, como algo que é errado acontecer. Na estrofe seguinte o sujeito poético diz que só conhecemos realmente os pensamentos das flores, pedras e rios senão soubermos o que são. Ou seja, que se as conhecermos verdadeiramente elas não têm pensamentos, são o que vemos. Quem fala do interior das “coisas” fala sim de «si próprio e dos seus falsos pensamentos». Crítica, novamente aos metafísicos e filósofos. Nesta estrofe vemos, também o panteísmo de Alberto Caeiro, em «Graças a Deus (…)», está a ligar a religião à origem e vida da Natureza. Diz, ainda, que as flores são só flores, as pedras são só pedras e o rios só rios, que a Natureza é o que percepcionamos, mais nada. Na última estrofe o eu lírico fala dele próprio: «Por mim, escrevo a prosa dos meus versos/ E fico contente,». Ele compreende a Natureza pelo que vê e sente (exterior), porque a Natureza é apenas isso, «não tem dentro; / Senão não era a Natureza.». Características Estilísticas: Os principais recursos estilísticos utilizados são: · Comparação - «E ri como quem tem chorado muito.»; · Personificação - « (…) dizem que as flores sentem / E dizem que as pedras têm alma / E que os rios têm êxtases ao luar.»; · Metáfora - «Os poetas místicos são filósofos doentes, / E os filósofos são homens doidos.»; · Adjectivação - «(…) poeta místico», «(…) falsos pensamentos», «(…) homens doidos.», «(…) homens doentes»; · Repetição – da palavra Natureza (na última estrofe); · Enumeração – na terceira, quarta e quinta estrofe; · Jogos de palavras - «Os poetas místicos são filósofos doentes, / E os filósofos são homens doidos.» Pontuação pouco expressiva, apenas pontos finais, vírgulas e ponto e vírgulas. Análise Externa: Poema constituído por seis estrofes. Número de versos por estrofe irregular, tanto temos tercetos (primeira e terceira estrofe), dísticos (segunda estrofe), quintilhas (quarta estrofe), sextilhas (última estrofe) e septilhas (quinta estrofe). Métrica irregular, com versos com 7,8,9,10 ou mais. O esquema rimático é irregular, havendo apenas rima cruzada entre os versos 14 e 16 com a palavra rio (rima pobre), rima interpolada entre os versos 16 e 19 com a palavra rio (rima pobre) e rima emparelhada entre os versos 24 e 25 com a palavra dentro (rima pobre). Outros Trabalhos Relacionados
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