Início » Trab. Estudantes » Português » 12º Ano

Trabalhos de Estudantes

Trabalhos de Português - 12º Ano

 

A Um Rato Morto Encontrado Num Parque

Autores: Sara Marques

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 19/09/2011

Resumo do Trabalho: Contrato de Leitura sobre o poema "A Um Rato Morto Encontrado Num Parque" de Mário Cesariny, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano).

Ver Trabalho Completo

Comentar este trabalho / Ler outros comentários

Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.

 

 

 

A Um Rato Morto Encontrado Num Parque

Mário Cesariny

Mário Cesariny foi um poeta e pintor do século XX.

Nasceu em Agosto de 1923, em Lisboa e morreu em Novembro de 2006.

Fez formação artística na Escola de Artes Decorativas António Arroio, estudou na área de música e em França.

Durante a sua estadia em Paris em 1947, frequenta a Academia de La Grande Chaumière. É em Paris que conhece André Breton, e rapidamente atraído pelas propostas do movimento surrealista francês, torna-se um dos mais importantes defensores do movimento em Portugal cuja influência o leva a criar no mesmo ano o Grupo Surrealista em Portugal que inclui, entre outros, Alexandre O’Neill e António Pedro.

Algum tempo depois, por não concordar com a linha ideológica do grupo, afasta-se de maneira polémica.

Mário Cesariny para além de poeta, romântico, ensaísta e dramaturgo, dedicou-se à pintura e à colagem.

Dedicado à escrita publicou várias obras poéticas, sendo as mais importantes e recentes “Primavera Autónoma das Estradas” (1980), “Fernando Pessoa explicado as Criancinhas Naturais & Estrangeiras” (1989) e a obra de ficção “Titânia” (1994), entre outras.

O seu primeiro livro de poesia, “Corpo visível” publicado em 1980, é o que apresenta mais elementos surrealistas.

Desapareceu da vida pública durante alguns anos, deixando de escrever poesia, mas em 2002 ganhou o Grande Prémio EDP e em 2005 o prémio da Associação Portuguesa dos escritores e a Grã-Cruz da ordem da liberdade na Casa do Poeta entregue por Jorge Sampaio.

Em 2004 houve uma enorme quantidade de eventos em torno deste poeta.

. Documentário “Autografia” de Miguel Gonçalves Mendes, distinguido com o premio de melhor documentário português.

. Inauguração de uma exposição dedicada ao se espólio.

. Palestra na casa Fernando Pessoa em Lisboa.

A Um Rato Morto Encontrado Num Parque

Este findou aqui sua vasta carreira
de rato vivo e escuro ante as constelações
a sua pequena medida não humilha
senão aqueles que tudo querem imenso
e só sabem pensar em termos de homem ou árvore
pois decerto este rato destinou como soube (e até como não soube)
o milagre das patas - tão junto ao focinho! -
que afinal estavam justas, servindo muito bem
para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar
atrás de repente, quando necessário
Está pois tudo certo, ó "Deus dos cemitérios pequenos"?
Mas quem sabe quem sabe quando há engano
nos escritórios do inferno? Quem poderá dizer
que não era para príncipe ou julgador de povos
o ímpeto primeiro desta criação
irrisória para o mundo - com mundo nela?
Tantas preocupações às donas de casa - e aos médicos -
ele dava!
Como brincar ao bem e ao mal se estes nos faltam?
Algum rapazola entendeu sua esta vida tão ímpar
e passou nela a roda com que se amam
olhos nos olhos - vítima e carrasco
Não tinha amigos? Enganava os pais?
Ia por ali fora, minúsculo corpo divertido
e agora parado, aquoso, cheira mal.
Sem abuso
que final há-de dar-se a este poema?
Romântico? Clássico? Regionalista?
Como acabar com um corpo corajoso e humílimo
morto em pleno exercício da sua lira?

Mário Cesariny

O poema mostra características do Modernismo, como a sua estrutura, pois é um poema com uma única estrofe de 30 versos e possui versos livres.

Tem também como temática a metapoesia (ou seja, o poema fala sobre o próprio poema, sobre poesia, como por exemplo poemas de Fernando Pessoa, quando diz “o Poeta e’ um fingidor). Neste poema de Mário Cesariny vemos a metapoesia ao questionar-se como irá finalizar o poema, no verso “que final há-de dar-se a este poema?”.

Com este poema o poeta pretende retratar o real.

No inicio o titulo deste poema não especifique qual o ser que este faz referencia, como se houvesse mais que um rato morto, quando diz “Um rato morto encontrado num parque”, mas logo na primeira estrofe há a identificação desse rato, “Este findou aqui sua vasta carreira” dando a ideia de que o sujeito esta bem próximo ao rato.

Quando diz “a sua pequena medida não humilha / senão aqueles que querem imenso” esta a afirmar que este animal, apesar do seu tamanho, de minúsculo que é, ocupa um lugar que para as pessoas ambiciosas causa inveja.

No entanto trata-se de um simples rato que possui características próprias da sua espécie, que o ajudam a viver no dia-a-dia, como diz no poema, “O milagre das patas (…) servindo muito bem / para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar / atrás de repente, quando necessário”, e por essas mesmas razoes, o eu-lírico não entende o porquê da morte desse animal que nada fez, perguntando ao “Deus dos cemitérios pequenos” se houve algum “engano / nos escritórios do inferno”, apesar de não obter resposta.

Deste minúsculo rato sabe-se apenas que é comum no dia-a-dia o rato dar preocupações às donas de casa (pelo menos que provocam nelas) e aos médicos (pelas doenças que podem trazer), e nada mais, então, que mal este animal haveria de ter feito? Não se sabe, a única certeza do sujeito é que o corpo do animal esta “(…) parado, aquoso, cheira mal”.

Acho que este poema tem existência de ambiguidade, ou seja, a figura do simples rato de que fala o sujeito poético pode personalizar-se na do homem fazendo uma critica a sociedade devido à pobreza e à miséria existentes no mundo. Ao invés de ser um rato morto no parque, se mais um homem morto devido a pobreza.

Outros Trabalhos Relacionados

Ainda não existem outros trabalhos relacionados

Início » Trab. Estudantes » Português » 12º Ano