Querem uma Luz Melhor que a do Sol

Querem uma Luz Melhor que a do Sol!

AH! QUEREM uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Antes de mais, bom dia. Esta imagem foi a que eu seleccionei, é uma fotografia de Isaac Goulart e foi tirada em Junho de 2006. Ao contrário de todos os elementos da turma, irei apresentar um poema de Fernando Pessoa heterónimo, nomeadamente de Alberto Caeiro. O poema que eu seleccionei intitula-se: Querem uma luz melhor do que a do sol! Vou passar a lê-lo. (leitura do poema) Como puderam verificar, é um poema perfeitamente incluído no estilo do autor, sendo este poeta um poeta da Natureza, e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objectividade das sensações e da realidade imediata, na sua perpétua renovação e sucessão, da Aurea Mediocritas, sendo considerado por isso um sensacionista. É um poema com ausência de preocupações estilísticas, Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas, com bastantes repetições, nomeadamente de elementos naturais, como o sol, os prados e as flores, como é usual de Caeiro. Passando á imagem. Esta imagem como já referi é uma fotografia. Nela podemos verificar objectivamente um pôr do sol, um ser humano a negro no plano central, podemos ver também um mar calmo, onde está reflectida a imagem dessa pessoa. Deduzo que essa pessoa seja uma mulher devido ao comprimento dos cabelos. Á primeira vista, detectamos um céu manchado com algumas nuvens no qual existe uma gradação de cores, resultante da incidência da luz do sol. Predominantemente, este quadro é constituído por cores quentes, como a do sol, a sua luz nas nuvens e no mar. Contudo, esta fotografia contêm a sua cor mais escura na figura humana, representada a negro, no centro da imagem, contrastando assim, com a luminosidade da luz solar a que se sobrepõe. Esta imagem contêm uma função meramente estética, pois trata-se de pura beleza e do que qualquer um pode sentir com esta imagem. Do meu ponto de vista, esta fotografia e este poema relacionam-se de uma forma quase directa. Isto porque, apesar de a posição em que a figura humana se encontra, com os braços e as pernas esticadas e afastadas transmitir uma sensação de felicidade, liberdade semelhante ao espírito de pureza, inocência e espontaneidade de uma criança que conhece as coisas pelos sentidos como o próprio autor e a que Caeiro faz referência em diversos poemas, podemos associar o facto de ela estar a saltar a um desejo de querer mais e de alcançar algo melhor que a realize, tal como Fernando Pessoa ortónimo, que nunca estava satisfeito com o mundo, pois tinha de racionalizar tudo, o que o aborrecia. Contrariando esta dor de pensar com uma atitude anti-metafísica, Alberto Caeiro é feliz porque se recusa a pensar, a ponderar sobre as barreiras da vida, apreciando assim o melhor que lhe podem dar, a pureza da natureza. Voltando á imagem, no plano onde esta mulher se encontra, podemos verificar que o ambiente que a envolve está mais calmo, o que pode se pode associar ao seu estado de felicidade. Refiro-me ao estado límpido do céu, e á ausência de movimento do mar, provocado por uma brisa.

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