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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 12º Ano |
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"Menino da Sua Mãe" Autores: Diogo Rocha, IS,RD,DP Escola: Escola Secundária do Forte da Casa Data de Publicação: 12/11/2011 Resumo do Trabalho: Análise do poema "Menino da Sua Mãe" de Fernando Pessoa, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano). Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Análise do poema “O Menino de sua Mãe”A Expressividade do Título: O título expressa aquilo que o poema quer transmitir, um soldado que morre pela pátria mas que, para sempre será o «menino da sua mãe». Pode relacionar-se o título à vida de Fernando Pessoa que sabe ser impossível o regresso ao conforto maternal, devido à infância perdida. Esta ideia relaciona-se com a temática pessoana “a nostalgia da infância”. Fernando Pessoa agora consciente, tem consciência que em criança era inconscientemente feliz, inocente, apenas já não pode viver toda essa inocência/felicidade, toda essa época de ouro, uma vez que esta se trata agora de uma memória. Essa memória provoca-lhe uma certa saudade, nostalgia, brotando assim no sujeito poético a sensação de desconhecimento de si próprio, ou seja, a perda de identidade. O poema divide-se em 3 partes: 1º Momento Descrição realista do cenário – a planície e o soldado O cenário descrito é uma planície abandonada «Que a morna brisa aquece», onde jaz um cadáver de um jovem. Ou seja é transfigurada uma situação de extrema solidão, onde está abandonado um cadáver de um jovem soldado. A figura do cadáver deste jovem vai sendo ao longo do 1º momento, sugerida e caracterizada progressivamente, como se pode verificar nestes versos «De balas trespassado», «Alvo, louro, enxague». Ao identificarmos aquele jovem que «Jaz morto, e arrefece» como «menino de sua mãe» é incutir à situação um enorme dramatismo. Não há nada mais dramático e triste, que um filho morto, e ainda por cima, longe do colo de sua mãe. Filho que não tem nome, e que será sempre o «menino» de sua mãe. O poema «menino de sua mãe» é no fundo a descrição extremamente dramática de um jovem soldado que morreu a lutar pela pátria, longe de casa, longe de tudo, longe de sua mãe. Pode ver-se na figura do jovem morto, a representação de Fernando Pessoa, que tal como o jovem «menino», o regresso ao colo de sua mãe, à infância é impossível. Valor expressivo do presente do indicativo O poeta ao compor/escrever tem duas dores, sentimentos, que este sente no momento da escrita, ou seja, a sua dor própria, e a dor que o sujeito poético apresenta. Por outro lado, o leitor apresente as dores/sentimentos antes da leitura e do conhecimento da obra e uma outra após a leitura. Desta forma, ao usar o presente do indicativo do verbo, permite ao leitor ter uma “dor” mais próxima de ti pois sente o que o próprio sujeito poético transmite, sentindo-a assim como sua. Adjectivação descritiva forte No primeiro momento do poema (primeiras duas estrofes), podemos observar que a utilização de adjectivos por parte do sujeito lírico é bastante frequente. «abandonado», «morna», «traspassado», «morto», «estendidos», «Alvo», «louro», «exangue», «langue», «cego» e «perdidos» são os adjectivos utilizados em apenas duas estrofes, o que nos dá logo uma ideia de como e densa a adjectivação. Contudo, os objectos que estão a ser caracterizados não são sempre os mesmos. Esta primeira parte do poema serve apenas para uma descrição intensiva do cenário onde se encontra o jovem morto, remetendo para conceitos como a solidão, abandono, tristeza, e, sobretudo, para a ideia de perda. A circunstância de morte e descrita minuciosamente, onde podemos constatar nos versos «brisa morna» e «jaz, morto e arrefece», recorrendo de uma antítese para contrastar as diferenças de temperatura do cadáver. É ainda de notar, que, a pontuação utilizada nas duas primeiras estrofes são os pontos e as vírgulas, o que nos permite afirmar que esta parte do poema e meramente descritiva: porque a função do ponto é a de expressar uma ideia da qual se tem uma certeza. 2º Momento Discurso emotivo e valorativo O discurso Emotivo/Valorativo, pode ser verificado pela utilização do ponto de exclamação como por exemplo no primeiro verso da 3ª quintilha “Tão jovem!”, o ponto de exclamação usa-se no final de qualquer frase que exprime sentimentos, emoções, dor, ironia e surpresa. Neste caso é também utilizado para fazer enfâse do quão jovem ele era. Frases exclamativas, interrogação retórica, uso dos parênteses e das reticências As frases exclamativas em “Tão jovem! Que jovem era!” servem para reforçar a efemeridade da vida do menino, ou seja, o quão curta foi a vida do menino que morreu tão jovem na guerra. Os parênteses servem como um aparte do poema, como um pensamento que o sujeito poético transmite ao leitor sendo a sua opinião pessoal, como podemos observar em “(Malhas que o império tece!)” ou “(Agora que idade têm?). Esta última inclui também uma pergunta retórica que chama a atenção do leitor para o quão novo era o jovem que foi para a guerra que já não tem noção de quanto tempo passou. As reticências são usadas como uma suspensão do pensamento, para reflexão, demonstrando desta forma também, a emoção. Simbologia da cigarreira e do lenço A expressão «menino de sua mãe» é muitas vezes utilizada para representar a inocência de uma criança e o apoio maternal que este ainda possui, pois onde podemos sempre contar com carinho e suporte é nos laços maternais. Contudo, este menino que é descrito em todo o poema não e mais uma criança. Esta expressão utilizada pelo narrador serve para enfatizar a existência dessa afectividade entre o jovem e as pessoas que o criaram, que, mesmo não sendo criança, ainda era muito novo. É por esta razão, pelos afectos que ainda existiam com a sua mãe e criada, que entram dois elementos fundamentais neste poema: a ”cigarreira” e o “lenço”. A cigarreira foi-lhe dada pela mãe e o lenço pela criada. É com esta simbologia que o sujeito poético consegue fazer desvinculação familiar entre o soldado, a mãe e a ama, pois como e evidenciado no poema, tanto a “cigarreira” como o “lenço” caem-lhe do bolso, ou seja, separam.se dele. Tanto o adjectivo «breve» como a expressão «Está inteira», querem significar que o jovem morreu prematuramente, um tempo de vida curto, pois ainda nem sequer tinha sido utilizada, e o adjectivo breve significa «curto». Passando para a parte do lenço, ela remete para a criada e não para a sua mãe, mas a ideia da separação está na mesma incutida. Valor expressivo da hipálage As hipálages neste poema são notáveis nos versos “A cigarreira breve” e em “A brancura embainhada”. Sabemos então que a hipálage a figura de estilo definida pela inversão de sentido em que se transfere para uma palavra uma característica que, na realidade, pertence a outra. Desta forma, “A cigarreira breve” significa a brevidade da vida do menino que não tem tempo de vida suficiente para chegar a usar a cigarreira que a mãe lhe deu pois morreu na guerra. Quanto a “A brancura embainhada” têm a ver com o lenço bordado pela criada/velha que criou o menino que foi depois obrigado a ir para guerra. Alternância entre o Presente e o passado: No segundo momento do poema, existe uma intermitência entre o presente e o passado: «Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira. E boa a cigarreira Ele é que já não serve.» «Da outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço… Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo. Primeiramente começa por utilizar o presente para relatar a acção, e utiliza depois o passado para voltar atrás no tempo, e recordar os únicos momentos em que o “menino” alguma vez fora feliz. (Momento em que a Mãe lhe oferecera a cigarreira; Momento em que a criada lhe oferecera o lenço branco) 3º Momento Dramatismo criado pelo desfasamento entre a realidade e as expectativas expressas na prece da mãe e da criada No início da última estrofe são mostradas preces criadas pela Mãe do jovem e pela Criada, contudo, estas Preces não iriam corresponder à Realidade, pois as preces seriam “Que volte cedo, e bem!”, e a realidade era que ele não voltaria cedo (pois nem voltaria), nem bem sendo que já estava morto! Identificação da responsabilidade da tragédia e intemporalidade da mensagem sugeridas pelo verso 28 Já próximo do final do poema, o narrador atribui a culpa de todo o sucedido aos governantes, que estão representados no poema como o «Império», no verso 28 «Malhas que o Império tece!». É de reparar que o verso acaba comum ponto de exclamação, sendo por isso reconhecido por transmitir a emoção e a dor do narrador. É feita ainda uma analogia entre o soldado e o império, pois tal como o corpo que jaz morto e apodrece, assim era também a situação do nosso império que se encontrava numa fase de degradação. Intensificação, no verso 29, do realismo contido no verso 5 pela substituição do verbo “arrefece” por “apodrece” Primeiro que tudo é de notar que o verbo arrefece nos remete para um corpo morto, ainda quente mas que devido à morte, ia arrefecendo lentamente e que o verbo apodrece já indica o inicio da decomposição desse mesmo corpo, e esta substituição mostra-nos o contraste entre o que a guerra trás de mau, e a única coisa que a guerra nos trás de bom. O que a guerra nos trás de mau, é a morte como é óbvio, e após a morte a única coisa boa que resta será a decomposição do corpo.
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