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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 12º Ano |
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Análise de Marechal Beresford Autores: Patrick Silva Escola: Instituto Educativo do Juncal Data de Publicação: 03/05/2012 Resumo do Trabalho: Análise de uma das mais importantes personagens do livro de Luis de Sttau Monteiro, "Felizmente Há Luar", Marechal Beresford, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano). Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Beresford Beresford, no início do século XIX, altura em que decorre a história era marechal do Reino Português (e possuidor de alguns títulos como Marquês de Campo Maior e Conde de Trancoso), representando, assim, o poder militar em “Felizmente Há Luar”. Na história, é um dos três conscienciosos (embora pouco honrado e probo para o cargo que ocupa) governantes do Reino. Na sua primeira aparição (p.41) surge fardado, “Beresford vem fardado. A farda, ainda que regulamentar, não é espaventosa e está um pouco usada”. O facto de se encontrar já usada remete-nos para a sua despreocupação com a sua aparência e podemos até afirmar que até nesse aspecto Beresford despreza aqueles que o rodeiam. A expressão “Poupe-me os seus sermões, Reverência. Hoje não é domingo e o meu Senhor não é vassalo de Roma” expressa bem o desprezo que Beresford sente, até por aqueles que, supostamente, seria mais próximo. O seu desprezo prolonga-se, também a todo o Reino de Portugal e aos que a ele pertencem, ao exército, à nobreza e à Igreja como se verifica em “Que me dais, senhores, para me compensar de tudo o que fui forçado a abandonar para os servir? Honras? E quem mas presta? O vosso exército pindérico? Os vossos doutores em Teologia? Títulos? Mas quem é o marquês de Campo Maior fora do botequim do Marrare?” (p.58) Beresford é, também ganancioso e calculista, todas as acções que toma vão ao encontro do que é melhor para si, aquilo que o serve melhor, e não para o melhor do Reino do qual é governante. Esta ganância atinge o seu expoente máximo na ordenação de captura a General Gomes Freire por sentir o seu cargo e rendimentos ameaçados. Esta ganância é constatada nas expressões “Troco os meus serviços por dinheiro, Excelência” e “Senhores, afirmo-vos, em nome dos meus 16.000$00 anuais, que farei tudo o que for necessário para os continuar a receber”. É, no entanto, apesar de se referir grande parte das vezes em tom jocoso, uma pessoa que é franca e fria. O seu cinismo é mantido em todos os diálogos que tem, abrangendo todos os temas discutidos, porém, na medida em que assume uma doutrina religiosa diferente da adoptada em Portugal, o seu cinismo é preferencialmente utilizado quando se refere à Igreja e ao Principal Sousa, sendo evidente o prazer que possui em provocar este. “As árvores tão entisicadas que parecem ter sido todas plantadas pelo principal Sousa…” (p.57) e, novamente, “Poupe-me os seus sermões, Reverência. Hoje não é domingo e o meu Senhor não é vassalo de Roma” são exemplos que exprimem o cinismo e o desaforo em que é envolvido todo o discurso de Beresford. Assume-se um mercenário na medida em que apenas se encontra em Portugal para receber o dinheiro suficiente com o fim de viver como um gentleman no seu país, que idolatra (“Sou duma terra onde as leis são humanas, as pessoas cultas e a vida cheia de sentido…Sou duma terra onde um homem vive como um homem…”) (p.57). Todas as observações e descrições do estilo de vida de Beresford reúnem-se no seu discurso na página 63 onde o seu calculismo é expresso em “Basta que surja um oficial com um passado brilhante para me destronar...”, a sua ganância “É também, meu inimigo quem me possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16.000$00”, o seu cinismo “Não devo esquecer-me de que estou rodeado de inimigos: o clero odeia-me porque não sou da sua seita; a nobreza, porque lhe não concedo privilégios; o povo, porque me identifica com a nobreza, e todos, sem excepção, porque sou estrangeiro...” e, também, o seu desprezo pelo país “Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.” É a sua ganância consciente que vai ordenar à condenação de General Gomes Freire, em função de motivos pessoais, por se sentir ameaçado por este que é visto como herói do povo (p.75). É interessante observar que ao longo de todo o desenvolvimento da história, a hipocrisia de Beresford que vai conduzindo todos para o nome de Gomes Freire como sendo o chefe da revolta, que é o nome que lhe convém para poder manter o seu cargo intacto. No segundo acto, Beresford surge apenas brevemente num diálogo com Matilde que lhe pede a remissão de Gomes Freire àquele triste e injusto fim. Beresford apresenta-se visivelmente alegre (contrastando com Matilde), falando ironicamente e gracejando. Todas as súplicas de Matilde perante Beresford são inúteis uma vez que este é frio perante as suas decisões, decisões, essas, que lhe permitirão viver com maior sossego, a partir do momento em que Gomes Freire seja condenado, daí que não tenha interesse nenhum em devolver o General às ruas de Lisboa e às batalhas de Portugal. Importante observar a relatividade que Beresford atribui à vida humana, percebendo-se bem na expressão, “depende do seu peso, da sua influência, das vantagens ou dos inconvenientes que, para mim, resultem da sua morte” (p.99), o modo de vida calculista e oportunista que adopta para as suas acções.
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