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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 11º Ano |
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O Primo Basílio, Eça de Queirós Autores: Inês Salgado Escola: [Escola não identificada] Data de Publicação: 29/07/2011 Resumo do Trabalho: Trabalho sobre a personagem Juliana, de "O primo Basílio" de Eça de Queiroz, realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano). Ver Trabalho Completo Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.
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O primo Basílio, Eça de Queirós Juliana Tem um papel secundário, mas também pode ser vista como a antagonista, ou seja uma espécie de vilã ou rival da história. É o exemplo da personagem pessimista, retrato do Naturalismo, tão presente em Eça, mesmo sendo um escritor mais realista. A personagem mais completa e explorada por Eça de Queirós. Presença na História: Era criada na casa de Luísa e Jorge, revoltada contra a sua profissão. Numa hora de descuido de Luísa, apanhou uma carta trocada entre Basílio e a patroa. Descobriu, assim, o segredo dos dois. Primeiro guardou as cartas e continuou o seu trabalho como criada, mas após uma discussão com a patroa revelou que sabia do adultério. Começou, então, o sofrimento de Luísa. Juliana fazia chantagem com a carta, primeiro pedindo lhe seiscentos mil réis, mas como percebe que a ama não consegue arranjar, e seguindo conselhos da tia Vitória volta a pedir para trabalhar lá em casa, obrigando a ama a servi-la como se fosse ela a dona de casa, pedindo-lhe para mudar de quarto, que lhe desse vestidos, fizesse ela as limpezas, etc. Com o desespero, Luísa conta tudo a Sebastião que a ajuda, e vai ameaçar Juliana com a polícia. Esta fica bastante nervosa, acabando por morrer devido a ataque cardíaco. Caracterização Física: . Devia ter por volta de 40 anos, era feia, muito magra e de feições miúdas, era um pouco amarela devido à doença que sofria. . Tinhas uns olhos grandes, usava sempre tranças atadas ao cabelo castanho (como cuia). . Gostava muito de sapatos, aliás podemos dizer que dos únicos aspectos positivos que Eça lhe atribui são os seus pés bonitos, que ela gostava de ornamentar aos domingos. . Além do fato de criada que usava diariamente, aproveitava as folgas para vestir saias curtas, para se poderem ver os pés. Caracterização Psicológica: . Subjugada pela condição social, é inconformada com a sua vida. . É falsa e ruim. . Odeia tudo e todos, principalmente sentido uma enorme inveja das suas patroas e dos confortos destas. . E por isso quer progredir, mudar a sua posição social, não se detendo por qualquer moralidade. . É muito curiosa, andando sempre a escutar as conversas e à procura de alguma coisa que pudesse usar contra a família que servia. . Além disso, por ser feia, antipática e desconfiada, era solteira e virgem, o que a tornavam ainda mais seca e sofria duma grande desconsolação. . Resumidamente, é uma pessoa frustrada, doente e amargurada, revoltada com a sua vida. Passado da personagem: A curiosidade doentia de Juliana, tal como o seu azedume permanente, não são fruto do acaso. Eles decorrem de um ódio acumulado, resultado de uma vida oprimida, patroa atrás de patroa, alcunha atrás de alcunha: a isca seca, a fava torrada, o saca-rolhas. Juliana nasceu em Lisboa, filha duma engomadeira. Nunca conheceu o pai. Aos vinte anos, após a morte da mãe, começou a trabalhar como empregada. Odiava a sua profissão, e desde nova que apenas desejava não servir ninguém, ser ela a servida. Mas assim continuou, como criada, por vinte anos. Sofria de um aneurisma, o que a tornava uma pessoa sem esperança e azeda. Nunca se dava demasiado com os outros criados e odiava todos os patrões, ela considerava-os como inimigos. Devido aos problemas que provocava, estava constantemente a ser despedida e a trocar de casa. Até que entrou para o serviço da Sr.ª Virgínia Lemos (tia de Jorge), viúva rica, que sofria duma doença de bexiga. Roída de ambição, durante um ano cuidou de Virgínia, sendo como uma enfermeira para ela. Esperava, assim, receber uma parte da herança. Mas, quando esta morreu, sofreu uma desilusão, pois a tia de Jorge nada lhe deixou. Porém, Jorge pediu-lhe para se tornar criada dele e Luísa. Relações com outras personagens: Luísa odiava-a. No inicio, porque embirrava com ela, e mais tarde, por medo Jorge tinha compaixão por ela, tinham uma relação estritamente patrão-empregada, mas sentia uma certa dívida por tudo o que ela tinha feito pela sua tia. Tinha uma relação de interesse com Dª Joana, apenas sendo simpática com ela, por ser muito gulosa e esta lhe proporcionar certas mordomias, como certos pratos que ela gostava. Por fim, a sua única amiga, mas ambas apenas por interesse, era a inculcadeira Vitória, que lhe dava conselhos sobre os seus embustes e falsidades. Juliana e Eça de Queirós: Juliana representa o ódio neste romance, a ferocidade das classes mais pobres em relação às mais ricas, além do carácter irracional da sua busca pela ascensão social. Pois a “tortura” que ela aplica a Luísa, chantageando-a, é movida pelo sentimento de inferioridade económica, social e afectiva, devido à sua inferioridade como criada, pela sua solidão e pela miséria em que vive. A inveja que ela sentia, pode ser vista como algo condenável, mas também como algo que nos faz pensar, pois ela apenas não se conformava em ser desprovida de todos os prazeres por apenas não ter nascido numa classe alta ou por não ter dinheiro suficiente. Há, assim, uma tentativa de reflexão sobre as diferenças nas classes sociais. Que também se pode ver em Julião. E aqui denota-se o Realismo, que tenta mostrar toda a realidade, boa ou má da sociedade. Eça mostra, com Juliana, também um lado reformista, preocupado com injustiças que havia para denunciar. Porque se pensarmos bem, senão existisse Juliana, Luísa trairia Jorge, e após a partida de Basílio, voltaria tudo ao normal. A Juliana é, assim, a denúncia do adultério, do “crime moral”. Mas o tratamento que a criada sofre, ao longo do romance, acaba por fazer dela uma figura negativa. O que, sendo significativo, não impede que Juliana venha a ser uma das figuras mais fortes e impressionantes de toda a ficção queirosiana. Por fim, podemos salientar que Eça recorreu, muitas vezes, para esta personagem, ao Discurso Indirecto Livre, que nos leva a uma retrospectiva mais profunda de Juliana. Pois a profundidade deste ódio, contrapõe-se com a superficialidade dos sentimentos das outras personagens. Outros Trabalhos Relacionados
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