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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 11º Ano |
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Frei Luís de Sousa - Tragédia ou Drama Romântico? Autores: Cláudia Viegas, Maria Guerreiro, Marlene Gonçalves, Sara Martins. Escola: Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia Data de Publicação: 05/08/2011 Resumo do Trabalho: Trabalho sobre que responde à questão Frei Luís de Sousa, Tragédia ou Drama Romântico?”, realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano). Ver Trabalho Completo Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Introdução Neste trabalho iremos responder à questão “Frei Luís de Sousa, Tragédia ou Drama Romântico?”. Para isso teremos que basearmo-nos nuns certos pontos essenciais como, o que é o romantismo, o que é a tragédia e o que é o drama, depois sim é que passaremos às características dramáticas e trágicas em Frei Luís de Sousa. Frei Luís de Sousa, uma Tragédia ou um Drama Romântico? Romantismo Origens do movimento romântico em Portugal Em Portugal, o Romantismo está directamente ligado às lutas liberais, porque os escritores românticos mais representativos deste movimento estético – Garrett e Herculano – foram combatentes liberais. O poema Camões de Garrett, publicado em Paris em 1825, que assinala o início do Romantismo em Portugal. As suas Características: . Nostalgia pela Natureza; . Trata-se de um fenómenos urbano; . O individualismo - O “eu” é o valor máximo para os românticos. Por isso, o romântico afirma o culto da personalidade (egocentrismo), da expressão espontânea de sentimentos, do confessionalismo e a subjectividade; . O idealismo - O romântico aspira ao infinito e a um ideal que nunca é atingido. Por isso, valoriza o devaneio e o sonho; . A inadaptação social - Por isso, mantêm uma atitude de constante desprezo e rebeldia face à realidade e às normas estabelecidas, considerando-se inadaptado e vítima do destino; . Predominância do Patriotismo / Nacionalismo ; . Predominância da ideia de Originalidade/génio; . Subjectividade Absoluta; . A literatura apresenta-se como criação e não como imitação; . Privilegia a liberdade como valor máximo; . Atracção pela melancolia, pela solidão e pela morte como solução para todos os males; . A sacralização do amor – O amor é um sentimento vivido de forma absoluta, exagerada e contraditória, precisamente por ser um ideal inatingível; . O gosto pela natureza nocturna – Para os românticos, a natureza é a projecção do seu estado de alma, em geral tumultuoso e depressivo; . O amor a tudo o que é popular e nacional – Para o romântico, é no povo que reside a alma nacional; . A linguagem é declamativa e teatral; . Linguagem corrente e familiar. Tragédia Clássica A tragédia clássica é um género nobre, cultivado inicialmente na Grécia. As personagens, ilustres, protagonizam uma acção recheada de atitudes nobres, de coragem, mas em que o protagonista, pessoa justa e sem culpa, caminha inexoravelmente em direcção à desgraça ou à morte, vítima de um destino que não consegue vencer. A finalidade da tragédia é o de provocar o terror e a piedade. As principais características da tragédia clássica são as seguintes: . Na tragédia clássica, o Homem é um mero joguete do Destino. Este é uma força superior que age de forma implacável sobre o protagonista, sem que ele tenha qualquer culpa; . Dividia-se em prólogo, três actos e epílogo; . Tem poucas personagens (três). Estas são nobres de sentimentos ou de condição social; . A acção dispõe-se sempre em gradação crescente, terminando num clímax; . Contém sempre vários elementos essenciais – o desafio, o sofrimento, o combate, o Destino, a peripécia, o reconhecimento, a catástrofe e a catarse; . Existe um coro que têm como função comentar e anunciar o desenrolar dos acontecimentos; . A tragédia clássica obedece à lei das três unidades – unidade de espaço, unidade de tempo e unidade de acção; . A linguagem da tragédia é em verso. Momentos da Tragédia Hybris: A injúria, o desafio; Nemesis – Vingança, castigo dos deuses; Anagnorisis- Reconhecimento ou constatações dos motivos trágicos; Phobos- Terror experimentado pelo espectador; Pathos: O sofrimento crescente; Agón: O conflito; Klímax: Auge do Sofrimento; Cathársis: A purificação; Katastrophé: Agouros, profecias e superstições, desfecho trágico; Peripéteia: A peripécia; Ananké: Destino. Definição de Drama Poema dramático, que contém uma acção séria e completa, que visa provocar nos espectadores sentimentos de compaixão e piedade em relação às situações das personagens. O drama romântico é um género teatral em que aparecem unidos o elemento trágico e o cómico, o sublime e o grotesco. Características do Drama Romântico: . Foi criado por Victor Hugo, o grande mestre do Romantismo francês. . O Romantismo valoriza a acção do Homem, por isso o herói já não é joguete do destino, mas das próprias paixões humanas. . O drama romântico pretende fazer uma maior aproximação da realidade. Assim Victor Hugo propõe uma aproximação entre o sublime e o grotesco, conforme a vida real. Tem também preferência por temas nacionais. . A linguagem deverá corresponder à realidade e por isso é em prosa. . A personagem imaginária constituída pelo coro desaparece. . Não estão presentes as unidades de acção, tempo e espaço. . Existe um grande número de personagens, e uma mistura de classes sociais. Características do Drama Romântico em Frei Luís de Sousa: . Texto escrito em prosa; . Não há um “mau da fita” que se mate ou mate alguém; . Há conflitos psicológicos; . Crítica aos preconceitos que vitimam inocentes; . As personagens adquirem personalidades próprias para que se tornem símbolo dramático; . O fundamento cristão aparece como recompensa ou castigo pelas acções praticadas; . O facto de se tratar de um assunto nacional acarreta consigo o patriotismo; . O messianismo/Sebastianismo; . O comportamento emocional típico de personagens românticas; . A religião como consolo; . A morte de uma personagem em cena; . Os Agouros, superstições, crenças, visões, sonhos são evidentes em Madalena, Telmo e Maria; . O individualismo/hipertrofia do “eu” revelasse no confronto permanente entre os indivíduos e a sociedade; . Culto da mulher – anjo na personagem Maria; . Não respeita as unidades de tempo e de lugar; . Preferências pelas horas sombrias; . Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infracção à religião e costumes e o destino castiga essa acção; Projecção da experiência pessoal do autor (Tabela 1):
Características Trágicas em Frei Luís de Sousa: . Não é em verso, mas em prosa; . Não tem cinco actos, têm três; . Existência de momentos que retardam o desenlace trágico; . Existência de um número reduzido de personagens; . Vislumbre do coro da tragédia Clássica em Frei Jorge e Telmo Pais, o coro actua como um travão ao ímpeto libertário do individuo, aconselhando a moderação, o condimento.; . Reduzido número de espaços; . Acção sintética (número reduzido de acções). . Existência de Presságios (elementos, situações ou ditos das personagens que vão aumentando a tragédia): fogo (destrói a família e destrói o retrato), leituras (Lusíadas e Menina e Moça); . As personagens agem sobre um fatalismo que as empurra para a desgraça; . Presença de elementos da tragédia Clássica como: Hybris (desafio): Presente essencialmente no casamento de D.Madalena com Manuel de Sousa Coutinho, sem a confirmação da morte do seu primeiro marido, e no incêndio do palácio do Manuel de Sousa Coutinho pelo próprio. Anaké (destino): responsável pela ausência e cativeiro de D.João de Portugal durante vinte e uma anos e pela mudança da família de Manuel de Sousa Coutinho para o palácio de D.João de Portugal. Peripetia (peripécia): Mudança de situações, por exemplo: o incêndio de Palácio de Manuel de Sousa, originando a mudança para o Paço que fora de D. João de Portugal, assume particular interesse para o agudizar do clímax. (“Ilumino a minha casa para receber […] / Meu Deus, meu Deus!... Ai, o retrato de meu marido!... Salvem-me aquele retrato!”). Catástrophe (catástrofe): O suicídio clássico em plena cena é aqui, substituído, por um lado, pela morte melodramática de Maria, e, por outro, pela morte “simbólica” para o mundo, dois cônjuges que decidem tomar hábito religioso. (“Para mim aqui está esta mortalha: morri hoje”…; “deixastes tudo até vos deixar a vós mesmos […]”). Anagnórise (reconhecimento): A cena fulcral da peça, o reconhecimento de D. João de Portugal, na figura de Romeiro, apressa o desenlace fatal. (“Romeiro, romeiro, quem és tu? _ Ninguém!”). Clímax (auge do sofrimento): final do segundo acto com o reconhecimento do romeiro. Cathársis (purificação): renuncia ao prazer mundano pelo casal, que se refugia num convento, e ascensão de Maria ao espaço celeste, devido á sua inocência. Agon (conflito): resulta da hybris, manifesta-se a nível psicológico nos conflitos interiores e dilemas vividos por Telmo e por Madalena. Intensifica-se ao longo da acção. Pathos (sofrimento crescente) : A aflição do herói é notória aqui, quer nos temores de D. Madalena, quer no fatalismo sofredor de Maria. (“…este medo, estes contínuos terrores [… ]”; […] Que felicidade … que desgraça a minha” ; “dei decerto que vou ser infeliz […]”). Drama ou Tragédia (segundo Almeida Garret)? Almeida Garrett diz na Memória ao Conservatório Real, texto por meio do qual faz a apresentação da sua peça: "Contento-me para a minha obra com o título de drama; só peço que a não julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova; porque a minha, se na forma desmerece da categoria, pela índole há-de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico.” O conteúdo do Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma tragédia. No entanto, chama-lhe drama, por não obedecer à estrutura formal da tragédia. Conclusão Em suma, Frei Luís de Sousa, tanto tem características de Drama Romântico como de Tragédia Clássica. Garrett decidiu não respeitar a estrutura formal da Tragédia Clássica, uma vez que esta obra se trata e um tema nacional e recente, e não de um tema da Antiguidade como acontece nas Tragédias Clássica. De qualquer modo não fazia sentido algum que Garrett escrevesse a obra em verso, sendo ele um dos maiores escritores de prosa que Portugal conheceu. Na Tragédia Clássica, o Homem torna-se um mero brinquedo do destino, isto é, funciona como uma marioneta comandada por uma força superior. Podemos comprovar isto em Frei Luís de Sousa, porque chegamos à conclusão que o destino é uma força superior implacável, e quando desafiado pode originar consequências devastadoras. Já no Drama Romântico, é a paixão que comanda o Homem. Também é possível observar isto em Frei Luís de Sousa, por exemplo quando Madalena conta o dia em que conheceu Manuel de Sousa como uma das infelicidades da sua vida, isto porque se acabou por apaixonar por ele, e como sabemos, essa paixão condicionou todo o desfecho da obra. É através destas duas comparações que concluímos que Frei Luís de Sousa é uma junção de ambas, isto é, uma junção de Drama Romântico com Tragédia Clássica. Poder-se-ia considerar Frei Luís de Sousa como uma Tragédia Romântica. Bibliografia [No Website]Farol das Letras; [Modificado a] não identificado; [Artigo Intitulado] Frei Luís de Sousa de Almeida Garret; [Consultado em] 17 de Fevereiro de 2011 ; [No site] http://faroldasletras.no.sapo.pt/frei_luis_de_sousa.htm
[No Website] Escola
Virtual; [Modificado a] 2006; [Artigo Intitulado]Frei Luís de Sousa:
Drama ou tragédia; [Consultado em] 12 de Fevereiro de 2011 ; [No site]
http://www.escolavirtual.pt/assets/conteudos/downloads/11por/11por1502pdf01. [Artigo Intitulado] Matérias relativas as disciplinas de 12ºano de escolaridade; [Consultado em] 12 de Fevereiro de 2011 ; [No site] http://www.angelfire.com/ar/andret/frei.html [No Website] Nota Positiva ; [Modificado a] 1 de Janeiro de 2006; [Artigo Intitulado] Frei Luis de Sousa; [Consultado em] 8 de Fevereiro de 2011 ; [No site] http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/freiluissousa.htm Outros Trabalhos Relacionados
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