Quadro Enforcado

O “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente é uma obra que reflecte a sociedade portuguesa do século XVI. O autor, ao criar esta obra-prima, pretende divertir e, simultaneamente, criticar a sociedade do seu tempo. Para isso criou várias personagens que chegam à margem de um rio onde se encontram duas barcas com destinos diferentes: Inferno e Paraíso. Todas as personagens querem e pensam merecer entrar na barca da Glória, no entanto, isso não acontece.

• Percurso Cénico:

Cais → Barca do Diabo → Embarque

• Elementos Cénicos:

Corda – Que representa o acto de suicídio; Atentado contra a vida própria.

• Tipos de Linguagem:

Diabo – linguagem corrente

Enforcado – linguagem corrente/ popular.

• Argumentos de acusação:

O enforcado é acusado de ter sido ladrão e de ter sido condenado à morte.

• Argumentos de defesa:

O enforcado usa como defesa o facto de ter sido condenado à morte e enforcado, segundo ele os que morrem assim são livres de Satanás.

• Recursos expressivos:

- Anáfora: “Disse que era o Limoeiro, e ora por ele o salteiro e o pregão vitatório; e que era mui notório…”

- Ironia: “Venhais embora, enforcado!” → V. 772

“Entra cá, governarás atá as portas do inferno.” → V.780

“Dava-te consolação isso, ou algum esforço” → V. 804, 805

- Hipérbole: “e com isto mil latins(…)” → V.794,795

- Comparação: “ nem guardião do moesteiro nom tinha tão santa gente como Afonso Valente, que é agora carcereiro.” → V.800,801,802,803

- Repetição: “Entra, entra no batel(…)” → V. 812

• Caracterização do Enforcado:

*Psicológica – Ingénuo, simples, facilmente influenciável pois acredita em tudo o que lhe dizem. Não tem vontade própria

*Física – Transportava uma corda ao pescoço

• Pretende Criticar

*Todos os que se matavam.

* Critica subjacente ao alto-funcionário público (das finanças) que o enganou, pois disse que ele só tinha duas soluções: ir para o paraíso (suicidar-se) ou ir para a prisão (ser preso).

* A pena de Morte.

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