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Apontamentos e Resumos de Português - 12º Ano |
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Fernando Pessoa Autores: Sara Marques Escola: [Escola não identificada] Data de Publicação: 19/09/2011 Resumo do Trabalho: Resumo/Apontamentos sobre o poeta e escritor Fernando Pessoa, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano). Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Fernando Pessoa
Ficou órfão de pai apenas com 5 anos, em 1893 e um ano depois perde o irmão. Devido ao segundo casamento da mãe, Fernando Pessoa vai para África do Sul em 1893 onde por lá permanece durante 10 anos frequentando, durante um ano, a Escola Comercial Durbin High School. Recebe ainda na Universidade do Cabo o prémio “Queen Memorial Victoria” pelo melhor ensaio de estilo inglês. Após uma tentativa falhada de montar uma tipografia e editora dedicou-se, a partir de 1908, à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais, sendo o restante tempo dedicado à escrita e ao estudo de filosofia grega e alemã. É em 1912 que revela a sua poesia na revista “A águia” uma série de artigos sobre a nossa poesia portuguesa. Em 1914 publicou na revista “A Renascença” a poesia “Pauis” e “Ó sino da minha aldeia” sendo também nesse ano que surgem os principais heterónimos, Alberto Caeiro, Alváro de Campos e Ricardo Reis. Em 1920, ano em que a mãe regressão a Portugal com os irmãos, Fernando Pessoa inicia uma relação sentimental com Ophélia Queiroz testemunhada pelas Cartas de Amor editadas em 1978. Em 1934 publicou “A Mensagem”, uma colectânea de poesias que celebram os heróis e profetizam em atitude expectativa ansiosa, a renovada grandeza da Pátria. Este foi o único livro publicado pelo autor. Fernando Pessoa morre em Novembro de 1935, com 47 anos, devido ao consumo excessivo de álcool. Modernismo (Surgiu em Itália e nos EUA) Transformação do quotidiano – novas realidades (Consequências de industrialização). Movimento estético e literário XIX – XX. Recusa da tradição e da monotonia cultural Estratégias Provocatórias (Mostra às pessoas que as coisas não estão assim tão bem como a poesia tenta mostrar.) Fernando pessoa introduz em Portugal o modernismo através da revista Orpheu. O mundo não é tão belo como a literatura tenta mostrar. Por essa razão surge a poesia provocatória de Fernando Pessoa. Fernando Pessoa é adepto da teoria existencialista. Existo, logo penso.
Sentir (Emoção)
diferente
de Pensar
Aqui não há emoção Não foi o que eles sentiram, mas sim o que eles pensaram que sentiram. Em Fernando Pessoa não há sentimentos, apenas racionalização. Se poesia é o que se pensa e não o que se sente, então poesia é fingimento da realidade. Primeiro Modernismo Como movimento de renovação poética, o modernismo pretendeu por fim à estagnação em que se encontrava o panorama cultural e literário em Portugal, propondo uma nova visão do mundo. A poesia já não é a expressão dos sentimentos interiores do poeta, a poesia é o produto de um acto de intelectualização/racionalização das emoções. Assim, o que o poeta escreve não é o que o poeta sente mas sim o que ele pensa que sente. O modernismo surgiu como consequência das grandes conquistas do homem a nível tecnológico e científico e da sua fragilidade enquanto ser humano num mundo em crise. Características do modernismo . Fingimento poético como nova expressão de arte, de faceta anti-romântica e despersonalizada: a intelectualização substitui o sentimento (“o poeta é um fingidor”). . Abandono do idealismo romântico e desprezo por tudo quanto esteja ligado ao sentimento. . Predomínio do irracional, do absurdo, do paradoxal e do imprevisto que choca “os ideais desta nova geração chocaram os intelectuais da época pelas duas atitude irreverentes e provocatórias”. . Desprezo pelo passado e pela tradição, pretendendo-se a construção de um futuro novo que exalta a vida moderna, o progresso e o homem novo. . Abandono do ideal aristotélico de arte (a arte já não existe apenas pelo prazer estético que provoca, a arte existe sim ao serviço da sociedade, sobretudo da máquina). Assim, a arte está ao serviço da força e da energia e não da beleza. . Culto do interior, do vago e do oculto. O Modernismo Em Portugal Entende-se por «Modernismo» um movimento estético, em que a literatura surge associada às artes plásticas. As primeiras manifestações modernistas começaram a surgir no período compreendido entre as duas guerras mundiais, período marcado por profundas transformações político-sociais não só em Portugal como na Europa. O modernismo na literatura foi praticado por duas gerações de intelectuais ligados a duas publicações literárias: . Um primeiro modernismo surgido em 1915, em torno da revista Orpheu, revista que desejava romper com o convencionalismo, com as idealizações românticas, chocando a sociedade da época. Os escritores doOrfismo, como ficaram conhecidos, queriam imprimir à literatura portuguesa as inovações europeias. . Um segundo modernismo organizado em 1927, em torno da revista Presença, outra importante revista passa a ser divulgadora dos novos ideais modernistas, que teve como maior representante, o escritor José Régio. O Primeiro Modernismo – a Revista Orpheu . Os únicos dois números desta revista da revista Orpheu, lançados em Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do modernismo em Portugal . Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros intelectuais, publicaram os seus primeiros poemas de intervenção na contestação da velha ordem literária. . O primeiro número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo dos autores. O segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-Rita Pintor, suscitou as mesmas reacções. Perante o insucesso financeiro, a revista teve de «fechar portas».
Revista “Orpheu” O Segundo Modernismo – a revista Presença . A revista Presença foi fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e José Régio. Não obstante ter passado tempos difíceis, não só financeira como intelectualmente, foi publicada até 1940. . O movimento que surgiu em torno desta publicação inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento e intervenção iniciada com o movimento Orpheu, que acabou por integrar. . Continuou a luta pela crítica livre contra o academismo literário e, inspirados na psicanálise de Freud, os seus intelectuais bateram-se pelo primado do individual sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão. . Além da produção nacional, a Revista Presença divulgou também textos de escritores europeus, sobretudo franceses.
Revista “Presença” Algumas Características do Modernismo: . Esquecimento do passado e o propósito de construir e criar o futuro; . O desprezo por tudo o que é clássico, tradicional e estático (museus, academias, servilismo aos mestres, etc.); . Repúdio de sentimentalismo pelo ingresso frenético na vida activa através da exaltação do homem de acção e simultaneamente através do repúdio do homem contemplativo; . Culto da liberdade, da veracidade, da energia, da força física, da máquina, da violência, do perigo; . Culto da originalidade através de uma busca incessante de expressividade máxima; . Novo conceito de arte: deve ser a força, o dinamismo, o domínio dos outros; . O universalismo. Fernando Pessoa (13.06.1888 – 30.11.1935) Fernando Pessoa, Ortónimo . Vertente modernista (textos interseccionistas, paulismo e sensacionista) . Vertente saudonista e sabestionista (Mensagem, 1934) . Vertente popular do cancioneiro - Sentir vs pensar / Inconsciência vs consciência - Nostalgia da infância - Fragmentação do “eu” Fernando Pessoa, Ortónimo . Alberto Caeiro, o poeta da Natureza . Ricardo Reis, o clássico pagão . Álvaro de Campos, o filho indisciplinado da sensação - Decadentista (1ª Fase) - Futurista/Sensacionalista (2ª Fase) - Intimista, pessoal e pessimista (3ª Fase) AUTOPSICOGRAFIA (Criador – O poeta cria uma realidade outra, advinda do pensamento, ou seja, finge a realidade ao escrever o que pensa ou sentiu.)
O poeta é um fingidor.
E os que lêem o que
escreve
→
Leitores
E assim nas calhas de roda
→
Vida (metáfora) Fernando Pessoa NOTA: O fingimento poético é a teoria que diz que aquilo que se escreve não é o que se sente mas o que se pensa que se sente, logo, não se sente, só se pensa.
Sobre o texto “Autopsicografia” Este texto de Pessoa integra-se na temática da diplomacia sentir vs pensar. Numa primeira fase o poeta revela ser um criador, um fingidor, na medida em que diz que o que escreve é fruto não daquilo que sente mas daquilo que pensa que sente, logo, finge uma realidade, chegando à ideia de que a poesia não é mais do que a intelectualização ou racionalização das emoções. Assim, a dor sentida de facto é a realidade, o seu fingimento é a literatura. Posteriormente revela que o leitor “sente” uma dor lida, ou seja “sente” aquilo que pensa que o poeta sentiu quando escreveu. Esta dor lida, pensada teve origem numa dor sentida própria de cada ser humano. Finalmente, conclui que o coração/sentimento é como que um alimento que permite que a razão/pensamento funcione. A Escrita de Fernando Pessoa tem inúmeras características que o tornam especial: Este escrevia sobre o que o rodeava, não se prevenindo de escrever sobre os seus próprios sentimentos, a sua angústia, a sua desilusão, a sua solidão, o seu cepticismo, a sua revolta, a sua saudade da infância, a sua tristeza, tentando por isso criar como solução para esses problemas todos um mundo dele próprio, de fantasia, de sonho, de utopia, não tendo no entanto, tido grande sucesso nessa tarefa. Retrata muito as ambiguidades que o rodeiam, as duvidas, as indecisões, as contrariedades, e os extremamente opostos (gerais ou pessoais), (pensar/sentir, fingimento/sinceridade, consciência/inconsciência). Uma das principais características de Fernando Pessoa é a sua capacidade de escrever sob o nome de diversos heterónimos. Através destes “pensamentos”, Fernando Pessoa acaba por mostrar que o mesmo mundo pode ser visto de várias formas absolutamente diferentes. Os heterónimos, diferentes dos pseudónimos, são personalidades poéticas completas: Identidades que em inicio falsas se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. ISTO
Dizem que finjo ou minto
→
O poeta afirma que
ao escrever não finge/mente.
Tudo o que sonho ou passo,
Por isso escrevo em
meio
Fernando Pessoa Sobre o texto “Isto” Este texto surge na sequência de autopsicografia e confirma a ideia de que tudo o que o poeta escreve se baseia na racionalização das emoções. Tudo é fruto do pensamento, da imaginação. Este pensamento é metamorficamente encarado pelo sujeito como um “terraço” que se sobrepõe e tapa o que é verdadeiramente lindo – o sentimento. Conclui dizendo que a sua escrita fica incompleta por ser desprovida do sentimento do qual ele está livre. A realidade que o poeta expressa é apenas a aparência da essência. ELA CANTA, POBRE CEIFEIRA
Ela canta, pobre ceifeira,
Ondula como um canto de ave
Ouvi-la alegra e entristece,
O poeta acha
que a única razão que ela tem
E canta como se tivesse
A sua canção é
alegre. Canta sobre o trabalho
Ah, canta, canta sem razão!
Quando o sujeito
poético está a escrever ele
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Pesa tanto e a vida é tão breve! Fernando Pessoa Temática – A dor de pensar 1ª Parte - 1ª e 2ª estrofes. Descrição da ceifeira e o seu canto. 2ª Parte – 3ª e 4ª estrofes. Efeito que o canto da ceifeira tem no sujeito poético. 3ª Parte – 5ª até “consciência disso” – O desejo do poeta em ser inconsciente como a ceifeira mas ter consciência disso (Impossível!!) 4ª Parte – “Ó céu… final”. O pedido/apelo para morrer pois só com a morte deixa de ser consciente. Diferenças Poeta/ceifeira
O sujeito poético deseja ser como a ceifeira, ser inconsciente e ter consciência disso (o que é impossível). O apelo final do poeta é querer morrer.
Céu –
simboliza a paz/infinito O poeta pede a morte ao céu, campo e canção porque só isso lhe dará o fim da consciência. “QUANDO AS CRIANÇAS BRINCAM"
Quando as crianças
brincam
E toda aquela infância
Numa onda de alegria
da sua infância
porque era inconsciente
Se quem fui é enigma,
Tudo o que diz
respeito ao passado já não interessa. Fernando Pessoa
Temática – Pessoa e
a nostalgia da infância
A alegria pura e sincera é um sentimento ligado ao espaço e tempo da infância. A alegria que o poeta diz sentir não se relaciona com a sua infância mas com a das crianças que ele observa. Sente-se perdido num mundo sem presente na medida em que o presente é apenas a linha que divide o futuro do passado e ele é fruto de um futuro que ainda não chegou e um passado que já não é. “GATO QUE BRINCAS NA RUA”
Gato que brincas na rua
Bom servo das leis
fatais
→
Lei da
morte
És feliz porque és assim,
Fernando Pessoa Fernando Pessoa tem inveja de tudo o que não pensa, nem que seja uma simples pedra. QUANDO ERA CRIANÇA...
Quando era criança
Quando era criança Fernando Pessoa viveu sem saber
É hoje que sinto
No presente o poeta sente aquilo que foi, mas não é um
Mas nesta prisão,
→
Pensamento Fernando Pessoa Fernando Pessoa diz que para fazer boa poesia tem que estar livre do sentimento, só assim se pode ser um génio.
Os textos inseridos na temática da dor de pensar definem-se pela dicotomia sentir vs pensar / inconsciência vs consciência. O poeta anseia pela inconsciência como sinonimo de felicidade mas, paradoxalmente também deseja ser consciente desse facto, o que é de todo impossível. A dor de pensar “saber que não sente mas apenas pensa que sente” leva-o a invejar a inconsciência da ceifeira, das crianças, dos gatos, das pedras, enfim, a desejar a aniquilação da sua existência, a morte como único caminho para deixar de ser consciente. A infância é um espaço e um tempo irremediavelmente perdidos, o que o leva a entrar numa misantropia (afastamento do convívio social) caracterizada pela frustração e desalento porquanto a infância representa pureza, ingenuidade, inocência, segurança, felicidade, enfim, a idade de ouro do ser humano. Sendo inconsciente não conhece o amor porque este é um sentimento que só se sente sentindo, pensar-se nele é já não existir.
"NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO"
Não sei quantas almas
tenho.
Atento ao que sou e vejo,
Por isso, alheio, vou
lendo Fernando Pessoa
Temática: Fragmentação do eu O sujeito poético é feito daquilo que já chegou, e do que ainda vai chegar. Seleccione no texto os versos que evidenciam o desconhecimento que o sujeito poético demonstra de si próprio. “Não sei quantas almas tenho.”
“Continuamente me
estranho. / Nunca me vi nem achei. “ “Torno-me eles e não eu” “Não sei sentir-me onde estou.” “Diverso, móbil e só,” Refira(s) razão(ões) que estarão na origem desse auto desconhecimento. A fragmentação. Não sabe quem esta a sentir ou penar. Aponta as consequências desse facto. Viver num tédio existencial. “Diverso, móbil e só” O individuo não consegue encontrar-se. VIVEM EM NÓS INÚMEROS
Vivem em nós inúmeros;
→
Existem inúmeros
heterónimos no sujeito poético
Tenho mais almas que uma.
Os impulsos cruzados Ricardo Reis Refira os aspectos que permitem estabelecer uma nostalgia com o texto anterior. . Têm a mesma temática “fragmentação do eu”. . O sujeito poético na realidade não sabe quem é. . Consciência da multiplicidade de personalidades que pensam e/ou sentem; . Ambos “Reis” e “Pessoa” são meros instrumentos de uma escrita múltipla. É através da fragmentação em múltiplas personalidades que Pessoa tenta encontrar-se e à unidade que tanto procura, de modo a conseguir estabelecer um equilíbrio entre o sentir e o pensar. A tendência constante para a intelectualização das emoções, ou seja, para escrever o que pensa que sente, leva Pessoa à dúvida e à indefinição sobre quem realmente é. A falta de resposta a esta questão e a impossibilidade de se conseguir definir como ser mergulham-no no tédio e na angústia existencial. Alberto Caeiro . 16 Abril 1889, Lisboa/1915 - Campo - Pouca instrução/órfão . Literariamente – 8 Março 1914 “O guardado de rebanhos”/”O pastor amoroso”/”Poemas inconjuntos” . “Mestre” do seu criador e dos outros heterónimos – Vida pelos sentidos - VISÃO, AUDIÇÃO, OLFACTO, TACTO, PALADAR
. . (Cesário Verde) Ligado à natureza/simplicidade/infelicidade - criança/Objectividade/Deambulismo/Visualismo . “Sou um guardador de rebanhos” – Pastor . A única realidade da vida são as sensações, sobretudo visuais – VER = SENTIR = NÃO PENSAR “Pensar é estar doente dos olhos”, “Pensar incomodam como andar a chuva” O pensamento retira a essência e a pureza das coisas. As coisas são o que são e não o que nos queremos que elas sejam. . Linguagem aparentemente simples, versilibrismo, denotação mas.. conotação. . O mais contraditório e complexo Intelectualiza as emoções mesmo quando afirma não as intelectualizar PENSA EU NUNCA GUARDEI REBANHOS
Eu nunca guardei rebanhos,
→
O sujeito
poético diz não ser um guardador
Mas a minha tristeza é
sossego
→
Fica triste de
uma tristeza natural e justa, e
Como um ruído de chocalhos
Pensar incomoda como andar
à chuva
Não tenho ambições nem
desejos
→
Diz não ter
ambições nem desejos
E se desejo às vezes
→
As vezes deseja
ser um cordeirinho.
Da minha aldeia vejo
quando da terra se pode ver no universo… A única coisa que é verdadeiramente interessante é aquilo que ele vê. O campo deixa-nos ver tudo o que a vista pode alcançar enquanto que na cidade não vemos o horizonte porque os prédios tapam. Para ver o que está para lá teríamos que imaginar (pensar), e isso o poeta recusa-se a fazer. Importância que o acto de ver assume no poema. . Pelo repetitivo de marcas linguísticas (palavras) relacionadas com a visão . Pela ideia expressa pelo sujeito de que tudo o que conhece é através do Olhar – só conhece quando vê! (Conhecimento empírico) Vejo 2x | Ver 2x | Vista | Olhar | Ollhos Traços representativos da poética de Caeiro. . Comunhão com a Natureza. . Deambulismo e visualismo (importância do acto de ver) . Recusa do pensar, do imaginar. . Dicotomia cidade/campo Cidade Campo . Confusão . Tranquilidade . Impedimento da visão, logo do sentir . Expressão da visão, do sentir . Lugar de pensar SOU UM GUARDADOR DE REBANHOS
Sou um guardador de
rebanhos.
Pensar numa flor é vê-la e
cheirá-la
Por isso quando num dia de
calor Alberto Caeiro “Pedaços” de Alberto Caeiro “Há metafísica bastante em não pensar em nada” “O que penso eu do mundo? / Sei lá o que penso eu do mundo! / Se eu adoecesse pensaria nisso” “Os meus pensamentos são contentes / Só tenho pena de saber que eles são contentes / Porque, se o não soubesse / Em vez de serem contentes e tristes / Seriam alegres e contentes” “Pensar incomoda como andar à chuva” “Pensar é estar doente dos olhos” “Toda a paz da Natureza sem gente / Vem sentar-se a meu lado” “O único sentido intimo das coisas / É elas não terem sentido íntimo nenhum” “Os meus pensamentos são todos sensações” “Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca” “Pensar uma flor é vê-la e cheira-la” “O essencial é saber ver / Saber ver sem estar a pensar / Saber ver quando se vê / E nem pensar quando se vê / Nem ver quando se pensa” “Que difícil ser próprio e não ver se não o visível!” “Penso nisto não como quem pensa mas como quem respira” “Porque o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum” “O que foi não é nada, e lembrar é não ver” “Amor é a eterna inocência / E a única inocência é não pensar” “Procuro dizer que sinto / Sem pensar em que o sinto” Quando as crianças brincam
Quando as crianças brincam
E toda aquela infância
Se quem fui é enigma, Gato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
Bom servo das leis fatais
És feliz porque és assim, Vivem em mim inúmeros
Vivem em nós inúmeros;
Tenho mais almas que uma.
Os impulsos cruzados Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas
tenho.
Atento ao que eu sou e
vejo,
Por isso, alheio, vou
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