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Apontamentos e Resumos

de Português - 12º Ano

 

Felizmente há Luar

Autores: Sara Marques

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 19/09/2011

Resumo do Trabalho: Resumo/Apontamentos sobre a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano).

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Felizmente há Luar

Luís de Sttau Monteiro

Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 3 de Abril de 1926, em Lisboa.

Com dez anos, foi para Londres com o pai, que exercia funções de embaixador de Portugal. Regressa a Portugal em 1943, no momento em que o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se em Direito em Lisboa, exercendo advocacia por algum tempo. Depois, volta a Londres, onde se torna um condutor de fórmula 2. Mas é em Portugal onde dá os primeiros passos na literatura: colabora em várias publicações, destacando-se a revista Almanaque e o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa; cria a secção Guidinha no mesmo jornal.

Em 1961, publicou a peça de teatro Felizmente Há Luar!, distinguida com o Grande Prémio de Teatro. Porém, a representação foi proibida pela censura. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional. A peça foi um grande sucesso, tendo sido vendidos 160 mil exemplares. Em 1967, Luís de Sttau Monteiro foi preso pela Pide após a publicação das peças de teatro A Guerra Santa e A Estátua. Estas eram sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. 

Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós A Relíquia, representada no Teatro Maria Matos. Mais tarde escreveu também o romance inédito Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão, adaptada como novela televisiva em 1982 com o título Chuva na Areia. 

No dia 23 de Julho de 1993, Luís de Sttau Monteiro faleceu.

Felizmente há luar! é um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico e inspirado na teoria marxista, que apela às reflexão, não só no quadro da representação, mas também na sociedade em que se insere.

Surgida no mesmo ano em que o Autor publicou o romance Angústia para o Jantar – mais tarde também adaptado ao teatro –, esta peça contribuiu para celebrizar Luís de Sttau Monteiro como dramaturgo, tendo sido bem recebida pela crítica do seu tempo.

Baseada na tentativa frustrada de revolta liberal em 1817, supostamente encabeçada por Gomes Freire de Andrade, Felizmente Há Luar! recria em dois atos a sequência de acontecimentos históricos que em Outubro desse ano levou à prisão e ao enforcamento de Gomes Freire pelo regime de Beresford, com o apoio da Igreja, sublinhando um apelo épico (e ético) politicamente empenhado e legível à luz do que era Portugal nos anos 60.

Chamando a atenção para a injustiça da repressão e das perseguições políticas, a peça – designada por "apoteose trágica" pelo Autor – esteve proibida até 1974 e foi pela primeira vez levada à cena apenas em 1978, no Teatro Nacional, numa encenação do próprio Sttau Monteiro.

De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição. O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores a pensar, a refletir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se inserem. Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõem um afastamento entre o ator e a personagem e entre o espectador e a história narrada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que se está a ser representado.

Brecht pretendia substituir o “sentir” por “pensar”, levando o público a entender de forma clara a sua mensagem por meio de gestos, palavras, cenários, didascálicas e focos de luz.

Estes são, também, os objectivos de Sttau Monteiro, que evoca situações e personagens do passado (movimento liberal oitocentista), usando-as como pretexto para falar do presente (ditadura salazarista) e, assim, pôr em evidência a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a injustiça e todas as formas de perseguição.

Felizmente Há Luar! (1961)

Tudo se passa em 1817

. General Gomes Freire de Andrade - (Primo)

. Principal Sousa (clero) - (Primo)

. D. Miguel Forjaz (nobreza) - (Primo)

. Marechal Berestard (pode inglês)

A obra tem um paralelismo histórico-metafórico porque a história passa-se em 1817, mas pretende-se falar sobre o que se passa no ano em que a obra foi realizada (1861).

Contexto de produção da obra

Obra escrita em 1961 cuja história se baseia na tentativa frustrada de revolta liberal contra o Rei D. João VI que governava em regime absolutista, em 1817, revolta supostamente liderada pelo general Gomes Freire de Andrade.

A obra esteve proibida até 1974 porque o objetivo do seu autor era trazer a lume a situação política, nos anos 60, sob o regime de Salazar.

A censura e a repressão estavam em vaga esta altura, quer para as obras quer para os seus autores.

A boa maneira da inquisição, surge a PIDE (Policia Internacional e Defesa de Estado). Era esta política secreta cujos poderes não tinham limites.

O título “Felizmente Há Luar!” significa que numa noite de luar muitos terão a oportunidade de ver a fogueira que, se por um lado, poe fim à vida de Gomes Freire, serve de exemplo da opressão e poderá ser também o início de uma revolução, deve servir como exemplo de coragem.

Felizmente Há Luar!

          1817                                       como                                        1961

Tempo da história/                                                               Tempo do discurso

        Histórico

Paralelismo histórico-metafórico

A peça é uma metáfora. O que ela representa não é o que quer dizer. O que a peça quer retratar foi o que se passou em 1961. Se as pessoas sabem o que se passou em 1817, então, percebem o que a peça pretende retratar.

Felizmente Há Luar! É um teatro épico não-aristotélico.

Tinha como objetivo mostrar o que se passava e o que não estava bem. Este teatro não tem cenas porque ao há saída e entradas de personagens. Todas as personagens se encontram em palco durante todo o teatro, apenas incidindo as luzes sobre a personagem que fala no momento. Não é um teatro que tenciona divertir, mas sim mostrar a realidade.

Personagens

. Históricas ou referenciais
(General Gomes Freire d’Andrade, D. Miguel Forjaz, Matilde de Melo, Marechal Beresford)

. Ficcionadas
(Miguel, Vicente, Rita)

GOMES FREIRE DE ANDRADE

. É um homem instruído, letrado, um «estrangeirado», símbolo da integridade de carácter, da recusa da tirania em defesa dos ideais de justiça e liberdade (137). É também o símbolo da modernidade e do progresso, já que adepto das novas ideias liberais;

. A sua mitificação pelo povo, que vê nele a personificação do esclarecimento, do inconformismo corajoso e da esperança na luta contra a repressão e o terror (20, 24, 34), vai torná-lo num homem incómodo, subversivo e perigoso para o poder instituído;

. É assumido como uma ameaça à autoridade dos Governadores, gerando ódios e desejos mesquinhos de vingança (21-22, 71), seja pela sua lúcida integridade moral, seja pela sua argúcia excepcional de militar, ou até mesmo pela admiração incontestável que lhe dedica o povo;

. Inteligente, lúcido, capaz de ver para além da hipocrisia dos poderosos (95), mas humilde e discreto, já que nunca se serviu do seu estatuto para influenciar o povo (87);

. A prova da sua inocência está na imagem que dele dá Matilde: uma conduta moral irrepreensível (83), uma coragem inabalável que o faz lutar até à morte (132), o seu sacrifício injusto, como o de Cristo (122, 130).

MATILDE

. Amante, esposa e «companheira de todas as horas» do general, exprime romanticamente o amor (85, 132) que a faz acreditar no sentido da sua vida (92) e a ajuda a manter a esperança de o marido conseguir vencer a vilania da morte a que foi sujeito;

. É o símbolo da sensibilidade feminina, que se revela no desespero da perda (97, 116, 130), no sofrimento de quem ama e se vê despojado do ser que o completa (120). O seu grito alucinado de desespero representa a necessidade de reaver o homem que o destino tornou seu (94);

. Reage violentamente perante o ódio e as injustiças, desmascarando o interesse mesquinho, a hipocrisia, a traição, a manipulação perversa do Poder (93, 94, 95). Revela uma inteligência subtil e uma grande capacidade de argumentação, capaz de desarmar os falsos valores dos governantes (124-126);

. Corajosa, assume-se como a voz da consciência dos governantes (88), obrigando-os a enfrentar os seus atos de cobardia (118, 128-129). O seu discurso final é uma resposta provocatória à violência da sociedade e um anúncio de esperança numa nova era (136-137);

. Profundamente humana (101), luta sempre pelos ideais que aprendeu a defender junto do marido, sejam eles o da sinceridade, o da caridade, ou o da revolta e da indignação perante a prepotência dos poderosos (90-92), destacando-se pela sua excepcionalidade num mundo de ganância e hipocrisia (85).

ANTÓNIO DE SOUSA FALCÃO

. Símbolo da impotência perante o despotismo dos Governadores (86);

. A sua lealdade a Gomes Freire e Matilde é revelada na profunda admiração (89), no apoio incondicional que lhes dedica (115), acompanhando a esposa do general na angustiosa tentativa de o libertar (116-117), não poupando elogios à conduta do homem corajoso com quem partilhara sonhos e ideais (110, 136-137);

. O seu sentido crítico fá-lo duvidar da justiça dos governantes e revoltar-se contra a indignidade do tratamento dado ao general, durante a sua prisão (111-112);

. Perante o exemplo de coragem do general, chega a reconhecer a sua cobardia e a inutilidade da sua luta (136-137), embora não se contenha e chegue mesmo a pôr em risco a sua vida ao insultar D. Miguel (119);

. O destino do amigo fá-lo encontrar-se consigo próprio, a «rever-se por dentro», o que altera a sua concepção do mundo e das coisas (89, 137).

D. MIGUEL FORJAZ

. É o protótipo do pequeno tirano, inseguro e arrogante, simbolizando a decadência do país que governa, minado pela hipocrisia e pela mesquinhez. O seu espírito decrépito e caduco impede o progresso, já que acredita fanaticamente na manutenção de um governo absolutista e numa sociedade perfeitamente estratificada (69);

. De carácter megalómano e prepotente, revela o seu calculismo político, a sua ambição desmedida e um egoísmo arrogante, no exercício do Poder (60-61, 65-66);

. Desprovido de integridade moral e corrupto, personifica a injustiça, a traição, aliada à vingança (43), pois vê na popular figura do primo uma ameaça ao seu prestígio e poder, condenando-o sem escrúpulos (70-71);

. Frio, desumano, é a «personificação da mediocridade consciente e rancorosa» (71-72, 116-117). A sua crueldade revela-se perante a execução de Gomes Freire, que será exemplo para os que ousem desafiá-lo (131).

PRINCIPAL SOUSA

. Representa o poder eclesiástico dogmático, fanático, persecutório e repressivo (69), que se deixa corromper, aliando-se perversamente aos interesses políticos (36-37, 64-65).

. De carácter mesquinho e vingativo, diz odiar os franceses, os principais responsáveis pelo clima de revolta que agita o reino (39-40), e justifica a condenação de Gomes Freire por um desagravo cometido sobre um familiar (68, 72), embora tente dissimulá-la sob a forma de um ato de defesa do reino, apenas para manter a sua consciência tranquila (40, 67, 74);

. A sua cobardia impede-o de manter uma discussão séria com Beresford, embora não esconda a sua animosidade pelo inglês (41, 59);

. Hipócrita, o seu discurso religioso é continuamente deturpado em função dos seus interesses (36), e recorre a um tom falsamente paternalista e compreensivo (38,121), embora a sua falsidade e infâmia sejam desmascaradas por Matilde (122-123).

BERESFORD

. Representa o poder calculista e o interesse material, que fazem dele um mercenário astuto e arrogante (58, 59);

. De carácter trocista e mordaz, não esconde o seu desprezo pelo país onde é obrigado a viver, não desperdiçando qualquer oportunidade para ridicularizar a sua pequenez e provincianismo (55-57) e até para provocar Principal Sousa de forma irónica, porque representante de um catolicismo caduco (41, 54);

. Reconhecendo ser alvo do desprezo do povo, procura a todo o custo salvaguardar o seu posto de militar, participando ativamente no processo de condenação do homem que poria em risco a sua carreira, o seu prestígio e os seus privilégios (63-64). Embora sorria da corrupção generalizada que domina o país, serve-se da denúncia para manter o seu estatuto (44, 68-69);

. O seu cinismo e a sua arrogante crueldade revelam-se na humilhação a que sujeita Matilde, quando esta lhe pede a vida do marido (93-94, 99).

VICENTE

. Símbolo da falsidade, da ambição e do oportunismo (103), defende o valor do dinheiro e do poder como forma de ascender socialmente (25), ainda que o faça pela traição e pela denúncia (30-32). Hipócrita, tenta dissimular a indignidade dos seus atos através do serviço a el-rei e à Pátria (39);

. Servil e materialista, procura, através da astúcia e da adulação, conquistar a simpatia dos Governadores, mesmo que tenha de trair os da sua classe (34, 38);

. A imoralidade e mesquinhez do seu carácter insinuam-se no seu discurso demagógico e provocador, que revela a sua revolta e desprezo por uma classe na qual se recusa a inserir (26-27). É um homem frustrado por ter nascido pobre e movido pela inveja e pelo ressentimento;

. Reveste-se de um falso humanismo e de uma solidariedade duvidosa para fomentar a ira popular contra Gomes Freire (21-22).

ANDRADE CORVO / MORAIS SARMENTO

. Tal como Vicente, representam o grupo dos delatores, que colaboram com o regime, visando o lucro pessoal (44, 47). A falta de escrúpulos e de valores éticos (43), a ganância e a preguiça justificam a denúncia do general e a traição aos valores que defendem, nomeadamente os ideais maçónicos e o seu pretenso patriotismo (46, 48-50);

. O seu carácter cobarde enuncia-se no modo como se apresentam perante os Governadores, «embuçados», e a adulação é também a forma usada para cair nas graças dos poderosos (64).

MANUEL

. «O mais consciente dos populares» é também a voz da denúncia crítica continuamente silenciada (16), da ironia abafada pela repressão contínua das forças policiais (77);

. Representa metaforicamente o povo português condenado a uma existência ignóbil, coexistindo com a miséria, a fome, a opressão, desanimado e impotente para alterar o seu destino (16, 78,105-106);

. O conformismo é a alternativa possível perante um governo decadente e fútil, que garante a sua autoridade através do medo e da violência (105-109). O cansaço de sobreviver num mundo onde a vida é um vazio é alternado com a profunda consciência das desigualdades sociais e um tocante respeito pela dor alheia (108-109).

RITA

. A solidariedade para com Matilde é marcante (104), pois como mulher compreende a perda irremediável do amor e da família (82-83). É com comoção que a beija, depois de lhe entregar a moeda, símbolo da sua cumplicidade (110).

ANTIGO SOLDADO

. A identidade anónima confirma a simbologia da sua personagem: reconstrói o percurso militar de Gomes Freire, lembrando o valor da luta pela liberdade, mas é também a representação do desprezo a que o regime vota os homens que se sacrificam nos seus exércitos (22);

. Também ele personifica o desalento, o pessimismo e a decepção do povo que vê adiada a possibilidade de mudança com a prisão do general (80).

Questionário – Ato I

1 - Comenta a 1ª fala de Manuel.

Na obra a primeira fala de Manuel representa a resignação do povo que se sente oprimido e sobre a qual é exercida a violência.

2 - Refira quais as ilações a retirar das falas de Vicente (pp 21-2/27).

Nas falas de Vicente podemos observar a sua indignação perante a injustiça ao povo. A sua convicção é representativa das ideias revolucionárias (Justiça e igualdade) e mostra ao povo que o General Gomes Freire d’Andrade não faz nada por eles apesar de o admirarem tanto. Sente um enorme sentimento de inferioridade “Que diferença há entre mim e um fidalgo qualquer?” tentando combater esse sentimento através de uma ascensão social rápida.

3 - Explicite o principal das falas de Morais Sarmento e Andrade Corvo.

4 - Comenta as falas de Beresford (pp 56-64).

No discurso de Beresford, nota-se o desprezo que este sente por Portugal e pelos portugueses, bem assim como pelos outros membros da regência. A referência que faz às árvores e aos prados prende-se com a ideia de liberdade, liberdade essa que se vive e respira na sua terra, Inglaterra, uma terra onde, segundo afirma “um homem vive como um homem”, uma terra onde não há mesquinhes, miséria ou repressão. Salienta que a sua missão é reorganizar o exército português, que considera “pindérico”, missão que só cumpre a troco de dinheiro. Ao referir “troco os meus serviços por dinheiro”, deixa transparecer a sua faceta de mercenário, oportunista e calculista.

Admite ser “um grande sargento” mas confessa-se “mau oficial”. Encara como seu dever destruir todos quantos sejam melhor que ele, referindo-se implicitamente a Gomes Freire. Vê-se rodeado de inimigos, sentindo e sabendo que todos os odeiam num pais de “intrigas e traições”.

5 - Resuma o essencial da fala de D. Miguel (p69).

D. Miguel vê no governo da pátria uma oportunidade de engrandecimento social e encara como sua missão primeira acabar com qualquer tipo de rebelião que possa por fim aos seus privilégios. Portugal deverá continuar num sistema de hierarquias, em cuja base estará um povo simples, pobre, ignorante mas feliz, governado por uma “nobreza orgulhosa”, da qual ele faz parte, e todos os olhos postos no senhor.

Considera-se impopular, “um homem de gabinete”, sentindo-se ameaçado por quem possa ser querido e aclamado pelo povo, referindo-se implicitamente a Gomes Freire.

Questionário – Ato II

Comentário

1 - “Sempre que há uma esperança, os tambores abafam-lhe a voz”. (p77)

Na obra, os tambores representam a repressão, provocando medo no povo cada vez que tocam, e sempre que o povo tem esperança, aprece alguém como a polícia, o rei ou a fome, tirando-lhes a oportunidade de poder falar e consequentemente a esperança que lhes restava.

2 - “Para nós, a noite ficou ainda mais escura”. (p80)

Antes da prisão de Gomes Freire o povo tinha uma enorme esperança no general, acreditando que algo iria mudar. Depois da sua prisão, Manuel afirma que “se tinha[mos] fome e esperança, fica[mos] só com fome…” ficando assim para o povo, a noite ainda mais escura.

3 - 1ª fala de Matilde. (p83)

Na primeira fala de Matilde observa-se a sua revolta perante os valores pelos quais a sociedade se rege, dando enfâse à contradição do ser/agir. Por um lado elogia o princípio da educação para os valores (honra, valentia, justiça). Por outro lado, enumera as consequências do agir de acordo com o ser. Aí mostra o seu rancor e parece querer convencer-se que o melhor é agir de forma inconsciente “fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!”, ou seja, tomar uma atitude de oportunismo face as situações.

4 - “… estou sozinha (…) numa terra onde só cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos…”. (p 85)

Ao dizer esta frase observa-se que Matilde é a voz da indignação e do inconformismo. Mostra de forma clara a sociedade corruta e mesquinha, em que quem rege a sua vida por valores nobres e dignos tem que ser destruído para que os injustos, corruptos e mesquinhos possam viver uma boa vida.

5 - “Os reis do Rossio vivem no pavor de toda e qualquer pessoa capaz de gritar que eles vão nus”. (p 86)

A expressão “vão nus” significa que o que mantem aquela gente no poder é a corrupção e a mesquinhez. Não são bases sólidas de sustentação. Só estão no poder à custa da repressão e de maus princípios.

6-      “…casei e quase morri aperreada entre paredes sem janelas donde se visse o mundo”. (p91)

Palavra-chave: “paredes sem janelas”

A opressão. Viver num mundo sem liberdade. Mundo de igualdade e de justiça.

Questionário – Ato II

1-      (pp 131 e 140) Confrontar o significado da frase “Felizmente Há Luar!” proferida por dois interlocutores diferentes.

A frase “Felizmente há Luar!” é proferida pela primeira vez por d. Miguel. Revela o desejo expresso de garantir a eficácia de execução pública do General Gomes Freire d’Andrade. Assim as chamas seriam visíveis de vários pontos da cidade e o luar atrairia as pessoas à rua para assistirem ao castigo. Desta forma todos poderão ver a execução do seu salvador e herói, instalando assim o medo e a resignação no coração do povo para que este nunca se revolte.

A frase é proferida pela segunda vez por Matilde, tendo agora um outro significado. As palavras de Matilde são de coragem para que o povo se revolte contra os governantes, perante aquela situação.

2 - Refira-se ao caráter de Matilde.

Matilde de Melo é uma mulher de caráter forte, vibrante nas palavras de paixão, e corajosa perante a vilania. Recusa a hipocrisia e odeia a injustiça e o materialismo.

3 - (p 103) Comente a seguinte fala do 1º popular “O Vicente, lembram-se do Vicente?” Foi feito chefe da polícia. Vi-o hoje, fardado, seguido por dois esbirros! (…) Olhou para mim como se nunca me tivesse visto. Estendi-lhe a mão e deu-me uma cacetada na cabeça!”, Relacionando-a com a conversa de Vicente com os dois polícias, no I ato.

Esta fala vem confirmar o que Vicente diz no primeiro ato. Vicente rapidamente subiu na carreira e rapidamente se esqueceu da classe a que pertencia, ao povo. Concentra o caráter de vicente, de quem é interesseiro e calculista.

4 - Explique a simbologia dos seguintes elementos:

a) Saia verde

A saia verde representa a esperança que o povo tem em mudar as coisas, como a corrupção. Matilde veste a saia no dia da execução de Gomes Freire d’Andrade. Ainda tem esperança que o general seja libertado. Deseja que exista uma mudança da situação

b) A moeda

Representa o desrespeito da classe alta pelo povo. Representa o pagamento de uma traição.

c) A fogueira

Fogo

Governante – o fogo vai purificar as pessoas, ou seja, impedi-las de se revoltarem, pois sabem que lhes aconteceria o mesmo que ao general.

Povo – Estimulo para a revolta. O povo vê o que acontece aos inocentes, e tem vontade de se revoltar.

 

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