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Apontamentos e Resumos de Português - 12º Ano |
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Álvaro de Campos Autores: Sara Marques Escola: [Escola não identificada] Data de Publicação: 19/09/2011 Resumo do Trabalho: Resumo/Apontamentos sobre Álvaro de Campos (o filho indesciplinado da sensação), heterónimo de Fernando Pessoa, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano). Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Álvaro de Campos
Em Dezembro de 1913, fez uma viagem de barco ao Oriente durante a qual terá começado a escrever poesia. No regresso, desembarcou em Marselha, prosseguindo por terra a viagem para Portugal. Instalado em Lisboa, foi nesta cidade que passou a viver sem exercer qualquer actividade para além da escrita. Pessoa descreve-o como alto, elegante, de cabelo preto e liso, com risca ao lado, usando monóculo e com um “tipo vagamente de judeu português”. Foi na revista “Orpheu”, em 1915, que Fernando Pessoa publicou os primeiros poemas em nome de Álvaro de Campos: “Opiário”, que teria sido escrito no Canal do Suez durante a viagem ao Oriente e a “Ode Triunfal”, escrita em Londres. No número 2 da mesma revista, publicou a “Ode Marítima” e em 1917 publicou o “Ultimatum”, no “Portugal Futurista”, revista imediatamente apreendida pela polícia. Vive e trabalha durante alguns anos na Inglaterra, regressando de vez em quando a Portugal. Dois desses regressos estão patentes nos poemas “Lisbon revisited – 1923” e “Lisbon revisited – 1926”. Fixa-se definitivamente em Lisboa e vai publicando poemas em revistas literárias. Sendo o heterónimo pessoano que o poeta mais publicou, Álvaro de Campos é também aquele que apresenta uma evolução mais nítida, podendo na sua obra distinguir-se três fases. . A primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário", oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em Março de 1914. . A segunda fase, mais mecanicista e Whitmaniana, é onde o Futurismo italiano mais transparece num aclimatamento em terras de Portugal. É nessa fase onde a sensação é mais intelectualizada. . A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de trazer alguma coloração surrealista e dionisíaca, é mais moderna e equilibrada se apresenta. É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista. A grande viragem na poesia de Álvaro de Campos aconteceu, de acordo com um relato seu, depois de ter conhecido Alberto Caeiro, numa viagem que fez ao Ribatejo. Em Caeiro reconheceu imediatamente o seu Mestre, aquele que o introduziu no universo do sensacionismo. Mas enquanto Caeiro acolhe tranquilamente as sensações, Campos experimenta-as febrilmente, excessivamente. Tão excessivamente que, querendo “sentir tudo, de todas as maneiras”, parece esgotar-se a seguir, caindo numa espécie de apatia melancólica, abúlica, ou num devaneio nostálgico que o aproxima de Pessoa ortónimo com quem partilha o cepticismo, a dor de pensar, a procura do sentido no que está para além da realidade, a fragmentação, a nostalgia da infância irremediavelmente morta. Os seus versos livres, longos, por vezes prosaicos, exclamativos e eufóricos ou repetitivos e depressivos são o exemplo mais acabado do vanguardismo modernista no qual se espelha um sentir cosmopolita, urbano, febril, nervoso, extrovertido, por vezes insuportavelmente mergulhado no tédio do quotidiano e no anonimato da cidade. Álvaro de Campos – O filho indisciplinado da sensação - PENSA PARA SENTIR – Engenharia Mecânica e Civil – Glaston
É o único heterónimo que
apresenta a sua vida em 3 fases:
Encontra as novas
sensações mas chega à conclusão que a final a maquina não é tudo, pois
não tem as sensações de infância, do campo… Apercebe-se que a cidade vai
encher-se de máquinas, o que traz consequências negativas. Por essa
razão volta novamente as antigas sensações (já não consegue novas
sensações). Vê que o ser humano não consegue ter tantas sensações como
queria. Volta a ser nostálgico, e percebe que pensar dói e custa (Vem a
angustia).
Mas … Tem consciência de que todo este progresso traz consequências negativas para o homem e para a sociedade. Exemplos: “Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma. / Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! / Ser completo como uma máquina! / Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo! / Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, / Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento / A todos os perfumes de óleos e calores e carvões” “Possuo-vos como a uma mulher bela, ” “Eu podia morrer triturado por um motor / Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída. / Atirem-me para dentro das fornalhas! / Metam-me debaixo dos comboios! / Espanquem-me a bordo de navios! / Masoquismo através de maquinismos! / Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho! “ Na estrofe parentética [(…)] dos versos 182-190 encontramos um desabafo triste e descontente do sujeito que lamenta ter perdido o mundo feliz da sua infância passada no capo (A culpa deste perda é a cidade).
“Ode Triunfal” 1-Retira do texto exemplos de: a) Invocações “Ó fazendas”, “Ó artigos”, “Ó coisas”, “Ó minhas contemporâneas” b) Polissindeto “e…e…e…” c) Onomatopeias “Z-Z-z-z”, “R-r-r-r” d) Palavras onomatopaicas “Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferrando” e) Interjeições “Eia!”, “Huplá, Huplá, Huplá-ho, huplá” f) Estrangeirismos
“Music-halls”,
“Canadian-Pacific”, “La Foule”, “Derby”, “soutener”, “cap” 2-Indique as figures de estilo presentes em: a) “Ferro e fogo e força” – Aliteração e polissindeto b) “E há Platão e Virgílio dentro das máquinas” – Metáfora e polissindeto c) “Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferrando” – Enumeração de palavras onomatopaicas d) “Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável” – Quadrupla adjectivação e) “Banalidade interessante” – (Antítese), paradoxo (= oximoro) f) “Maravilhosa beleza das corrupções políticas” – Paradoxo g) “Artigos políticos insinceramente sinceros” – paradoxo h) “A luz do sol abafa o silêncio das estrelas” – metáfora “Começa a haver meia-noite” 1-Transcreva sensações visuais e auditivas, referindo a sua relevância tendo em linha de conta as características da 3ª Fase literária de Campos.
2-Explique de que modo é sugerida a experiencia da passagem do tempo. A experiencia pode definir-se como a de uma lenta passagem do tempo. É feita de modo gradual. Através da ideia de o silêncio se ir instalando progressivamente (“Calar o piano”, “não oiço já passos”, “o rádio está em silencio”, “um automóvel demasiado rápido”, ”os duplos passos”, “o portão que se fecha”), da expressão “começa a haver meia-noite” e da utilização das reticencias. Dispersão e nitidez dos “ruídos de rua” e através dos verbos escutando e esperando até que adormece.
Repetição de “qualquer
coisa…” no último verso marcando a lentidão com que o tempo corre e o
vazio que lhe está associado 3-Indique um sentido possível do v7.
Os passos que o sujeito
ouve são de duas pessoas que vão a conversar 4-Descreva a imagem que o sujeito poético da de si mesmo. O sujeito sente-se voluntariamente sozinho, é algo que quer e deseja pretendendo a tranquilidade e a paz notando-se que já não quer as sensações fortes provocadas pela industrialização e pelo progresso - Sente-se sozinho perante o Universo. - Sente-se recluso como se estivesse preso em casa. “Lisbon Revisited (1923)” Comente o texto, salientando as ideias essenciais expressas pelo sujeito. (100-150 palavras) O poema insere-se na 3ª Fase de Álvaro de Campos. O sujeito poético chega à conclusão que a final a industrialização e o progresso traz consequências negativas dizendo por essa razão que já não quer nada, sendo a única conclusão a morte. Na terceira estrofe o eu poético recusa a estética, a moral, a metafísica, as ciências e a arte, ou seja, rejeita as verdades que a sociedade tem para oferecer. Deseja que o deixem sozinho e diz ter o direito à solidão, ao silêncio e à diferença. Nas ultimas estrofes o sujeito sente saudades da sua infância, que esta presente no “céu azul”, no “Tejo” e na Lisboa de outrora. Vê estes elementos com o olhar da sua infância e ao mesmo tempo com o olhar de agora. Vemos aqui um encontro com Pessoa ortónimo (nostalgia da infância). No fim do poema o poeta volta a referir que enquanto não morrer quer estar sozinho. Lisbon Revidited 1923 Dos textos estudados, este é o primeiro pertencente à terceira fase literária de Campos. Aqui, encontramos um poeta revoltado e agoniado com o mundo exterior e com o homem social que lhe tentam intinguir estéticas morais, civilizações as quais ele pretende ver bem longe de si. Após uma fase de um êxtase Sensacionista desmedido e eufórico, Campos cai novamente numa abatimento u numa náusea que o fazem ansiar pelo momento de descanso – a morte. Não quer ser incomodado, nem fazer o que os outros querem que ele faça ou ir por onde querem que vá. Ele quer “ser sozinho”, “já disse que sou só sozinho!” como reconhecia nos textos desta fase, a nostalgia da infância é de facto uma constante. Desse tempo e desse espaço irremediavelmente perdidos, o poeta relembra o céu azul, a verdade perfeita, a alegria e a pureza com as quais já não pode conviver. “O Abismo e o Silêncio”, eufemismos metafóricos de morte são o seu destino. O que há em mim é sobretudo cansaço. A palavra-chave deste texto é, como não podia deixar de ser, “cansaço”, todo o texto gira a volta dessa palavra, remetendo para o estado de espírito do poeta após a fase da industrialização. De toda aquela euforia só o cansaço ficou e dai resultou uma angústia existencial que atingiu o poeta para o mundo da marginalidade, da incompreensão e da inadaptação ao mundo que o rodeia. Todos os textos da terceira fase abundam em sensacionismo, tal como dizia Caeiro – a única realidade da vida são as sensações. Apesar de Caeiro e Campos serem os dois poetas sensacionistas existe uma diferença entre ele - Caeiro é um sensacionista inconsciente, ingénuo que sente mas não pensa sobre isso; Campos, pelo contrário pensa naquilo que sente de forma perfeitamente racional, para sentir mais e melhor. Opiário
Ao Senhor Mário de
Sá-Carneiro
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