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Apontamentos e Resumos

de Filosofia - 10º Ano

 

Iniciação à Actividade Filosófica e A Acção Humana e os Valores

Autores: Ana Valentim

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 09/08/2009

Apresentação: Resumo/Apontamentos dos módulos "Iniciação à Actividade Filosófica" e "A Acção Humana e os Valores", realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (10º ano).

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Iniciação à Actividade Filosófica e A Acção Humana e os Valores

Iniciação à actividade filosófica

Não existe uma definição universal de Filosofia. Cada filósofo apresenta uma definição tendo em conta a sua própria filosofia, o seu modo de interpretar a vida e o mundo, a sua perspectiva acerca do real. Essa perspectiva é criada com base na organização subjectiva da sua própria experiência, ou seja, o filósofo escolhe como interpretar o que lhe acontece e assim criar a sua visão da realidade.

A especificidade da filosofia

A filosofia é o objecto de estudo dos filósofos, que, utilizando métodos de trabalho variados, reflectem sobre problemas filosóficos e da realidade. Isto para tentarem resolver as questões não esclarecidas, e assim construírem saber.

Enquanto o método de trabalho das ciências se baseia na verificação experimental, o método da filosofia assenta no exercício reflexivo. A reflexão feita pelos filósofos é ilimitada e não necessita de provas concretas, mas lógicas. O objectivo é haver uma melhor compreensão da realidade na sua totalidade. Para conhecermos alguma realidade, não podemos basear-nos só nas coisas concretas, as que podemos tocar e observar, mas também e principalmente no abstracto.

Abstracto: ser formal, conceptual. Tudo aquilo que não está na natureza é abstracto, só tem forma, definição (conjunto de aspectos que caracterizam e permitem distinguir uma coisa da outra).

Ex: amizade, erro, …

Concreto: ser material. Tem forma e matéria.

Ex: caneta, mesa, …

Tudo isto para estarmos mais conscientes da realidade, termos mais conhecimento para orientarmos melhor a nossa vida. Resumidamente, na minha opinião, a filosofia serve para atingirmos a felicidade. (ver manual pág. 32-34 e texto «Para que serve a Filosofia»

Existem várias áreas do conhecimento, da interpretação/representação da realidade, com diferentes características e métodos.

Níveis de apreensão ou conhecimento

. 1º nível: senso comum + religião + mitologia, …

. 2º nível: Filosofia e Ciência

No primeiro nível, temos o pensamento simplista, instalado, passivo, tradicionalista. É a aceitação do que nos é ensinado, sem questionar ou problematizar. Dentro do senso comum, temos o bom senso, a pré-concepção no sentido do que é bom ou mau.

No segundo nível, há uma evolução relativamente ao primeiro. Já não nos limitamos a aceitar tudo o que nos chega, mas fazemos uma selecção e questionamos se aquilo é que é o mais acertado. Procuramos encontrar respostas às nossas questões, utilizando vários métodos, no caso, o científico ou o filosófico.

. Senso comum – crença ≠ racionalidade; particular, concreto – experiência vivencial

O conhecimento vulgar ou popular é um «modo comum, corrente e espontâneo de conhecer» e adquire-se «no trato directo com as coisas e os seres humanos: “é o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem haver reflectido sobre algo(…)»

. Conhecimento científico – racionalidade  - Conhecimento filosófico – racionalidade

(ver texto «O método da Filosofia face ao das Ciências»)

A origem do filosofar

Os motivos que podem desencadear o filosofar (procura da verdade) são:

O espanto: quando nos questionamos acerca do ser e da origem das coisas não o fazemos para um fim prático, mas pelo desejo de saber. Isto é filosofar.

A dúvida: nada nos garante que estejamos seguros acerca do que pensamos ser verdade, o conhecimento que temos poderá ser falso. Podemos alcançar a razão ao questionar aquilo em que acreditamos.

A consciência da fraqueza e do sofrimento: as situações-limite revelam ao ser humano a sua fragilidade e o seu fracasso e fazem-no procurar formas de ultrapassá-las, recorrendo à filosofia.

A vontade de autêntica comunicação: a ausência de comunicação, a solidão, desencadeia o anseio de comunicação, de diálogo, de partilha. Não é fora da comunicação com os outros que a verdade se alcança.

Do discurso comum ao discurso filosófico

A filosofia é uma tentativa de resolver problemas, que devem ser formulados correctamente, através de questões claras e com sentido. Uma questão sem sentido não é um problema. Sendo a filosofia um esforço de defesa de ideias e de clarificação de conceitos, essas ideias e conceitos tem que ser expostos de forma clara, exacta e sem possibilidade de confusões ou mal-entendidos.

O discurso filosófico baseia-se em argumentos, e argumentar é um modo de defender ideias ou teses. A tese é a conclusão e os argumentos são o conjunto de proposições que servem para provar, justificar ou defender essa conclusão.

O texto filosófico como texto argumentativo

Através da argumentação, apresentando um conjunto de razões a favor de determinada conclusão, podemos fazer os outros aderir às nossas teses. Mas devemos estar abertos ao diálogo, à possibilidade de outros contestarem as nossas teses, e mesmo elas estarem erradas.

Leitura, interpretação, explicação e comentário de textos filosóficos – ver manual pág. 43-47

A acção humana e os valores

A especificidade da acção humana

A acção humana é aquilo que fazemos voluntária e conscientemente, não aquilo que nos acontece.

Rede conceptual da acção

Agente (sujeito da acção): alguém que age, que por sua opção faz com que algo ocorra.

Intenção (propósito da acção): implica a deliberação e a definição do propósito da acção, qual é a finalidade.

Motivo (porquê da acção): razões que permitem compreender a intenção.

Consciência (percepção de si como autor da acção): capacidade do agente de se aperceber de si mesmo em relação com o meio.

Livre-artbítrio/vontade (capacidade de escolher): capacidade de opção do agente.

(ver pág. 51-64 do manual, texto das formigas e de Heitor e textos – «intenções e motivos», «pela acção modificamos o mundo», «condicionantes da acção humana e seus limites», «experiência de si e experiência do mundo»)

O problema do livre arbítrio – liberdade

O agente é um ser racional, livre e responsável. O livre arbítrio corresponde a uma vontade livre e responsável de um agente racional.

Determinismo – doutrina que defende que os acontecimentos em geral ocorrem segundo um plano previamente fixado (ou por uma potência sobrenatural ou pelas leis da natureza); do ponto de vista filosófico, designa o pressuposto segundo o qual todo o fenómeno é rigorosamente determinado pelos fenómenos que o antecedem, sendo a sua ocorrência necessária (não aleatória).

Teorias:

Determinismo radical: o livre arbítrio é incompatível com o mundo regido pelo princípio da causalidade necessária.

Indeterminismo: não existe relação causa-efeito que possa sustentar a normal ocorrência dos fenómenos; estes acontecem aleatoriamente, ou seja, ao acaso e sem um padrão regular que os possa explicar.

Determinismo moderado: o mundo é regido por leis causais mas a acção humana, embora sujeita aos princípios naturais, não é constrangida.

Libertismo: não há acaso nem causalidade que possam afectar a acção humana. As escolhas são produto de deliberação racional (dualismo mente-corpo).

Determinismo e indeterminismo:

A partir do desenvolvimento da ciência moderna, o mundo passou a ser entendido como uma relação de forças, representada pela causalidade dos fenómenos naturais. Neste sentido, o efeito é uma derivação necessária (consequência) da causa, tão dependente dela que, se esta não activasse o efeito, não aconteceria.

Neste contexto, a tese determinista defende uma total incompatibilidade entre a liberdade humana e a causalidade natural a que todos os fenómenos se submetem. Ao negar a liberdade, o determinismo afirma que todas as acções são inevitáveis e, portanto, ninguém pode ser responsabilizado.

Pelo contrário, a doutrina indeterminista, embora negando uma causalidade rígida e natural, defende que não há – por isso mesmo – lugar à liberdade. Dado que tudo é imprevisível (porque submetido ao acaso) as acções são, por definição, determinadas. Então, se as acções não dependem do sujeito mas resultam de um mecanismo aleatório que o sujeito não consegue identificar, ele não é livre e, por consequência, não pode ser responsável.

Condicionantes: obstáculos, limites à livre escolha.

(ver pág. 65-77 do manual e textos)

Valores e experiências valorativas

Valores – modelos, juízos, preferências – Juízos de valor:

. Polaridade – exclusão de um valor por ser oposto ao escolhido

. Hierarquização – preferência de valores em hierarquia

. Transubjectividade – valores universais; transcendem a subjectividade, aproximam-se da objectividade – condição humana, diálogo, vida na Terra

Valores culturais - identidade, éticos, religiosos, morais, políticos, filosóficos, estéticos, …

Os valores são condicionados pelo espaço sociocultural e pelo tempo histórico em que o homem se encontra. Os valores acompanham as culturas das sociedades humanas e, portanto, são relativos à época e aos espaços em que se encontram mas há valores que desde sempre acompanham o homem (como o bem e a beleza), ainda que tenham sido, na prática, aplicados de modos diversos.

Critérios valorativos – tábua de valores

Cada sujeito constrói a sua tábua de valores de acordo com a sua experiência de vida, experiências essas que ocorrem num contexto pessoal, social e cultural. É nesse contexto prático da vida em sociedade que se tem de escolher realizar esta ou aquela acção, tomar esta ou aquela decisão, que o homem concreto manifesta os seus valores.

Entendemos por critério valorativo o princípio ou condição que serve de base à valoração e que permite distinguir as coisas valiosas das não valiosas e discernir, de entre as valiosas, as mais e menos importantes. Ao mesmo tempo, permitem reconhecer a razão ou motivo pelo qual atribuímos dado valor a determinado objecto, situação ou pessoa e justificar a maneira como nos comportamos perante os mesmos.

(ver manual pág. 79-94 e texto «O que são os valores»)

As sociedades actuais e os valores

Cultura – «conjunto dos traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afectivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Ela engloba, além das artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. A cultura dá ao homem a capacidade de reflexão sobre si próprio. É ela que faz de nós seres humanos, racionais, críticos e eticamente comprometidos. É por ela que o homem se exprime, toma consciência de si mesmo, se reconhece como um projecto inacabado, põe em questão as suas próprias realizações, busca incansavelmente novas significações e cria obras que o transcendem.»

A cultura é, então, o conjunto das manifestações humanas que contrastam com a natureza ou com o comportamento natural. Dela fazem parte, por exemplo, os valores.

Cada cultura é expressão de um sistema de valores próprio que a identifica: entre cultura e valores existe uma reciprocidade mútua. Por exemplo, quando falamos de valores africanos, referimo-nos à cultura africana; ou quando nos referimos à cultura chinesa, referimo-nos ao conjunto de valores chineses. É, então, no exercício da cidadania no interior dessas culturas que o sistema de valores é utilizado.

Contudo, coloca-se a seguinte questão: haverá possibilidade de diálogo entre valores diferentes e entre culturas distintas?

Multiculturalismo – fenómeno ou diálogo que se estabelece entre duas ou mais culturas pelos membros dessas mesmas culturas. O multiculturalismo tem origens ou razões diversas: desde o factor histórico da imigração até a questões comerciais ou económicas – é o cruzamento entre culturas.

Que atitudes devemos ter perante outras culturas e perante outros valores?

Etnocentrismo – atitude de um sujeito através do qual ele observa as outras culturas em função da sua própria cultura; tentativa de impor a sua cultura pela inferiorização das outras.

É importante não confundir o etnocentrismo com racismo (atitude de crença de que existem certas etnias inatas e biologicamente determinadas que são inferiores às outras). Estas duas formas de pensamento são obstáculos aos contactos entre culturas.

Relativismo cultural – atitude que defende a validade e a riqueza de qualquer sistema cultural, negando qualquer valorização moral e física do mesmo sobre os outros. «O relativismo cultural desafia a nossa crença habitual na objectividade e universalidade da verdade moral. Afirma (…) que não existe verdade universal em ética; existem apenas os vários códigos morais e nada mais. Além disso, o nosso próprio código moral não tem um estatuto especial: é apenas um entre muitos.»

Os relativistas culturais argumentam que «não há uma “verdade” objectiva na moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura. Podemos chamar a isto o argumento das diferenças culturais»; o seu erro é a tentativa de derivar uma conclusão substancial sobre um tema «partindo do mero facto de as pessoas discordarem a seu respeito».

Interculturalismo – posição sociológica de aceitação do cruzamento entre culturas; atitude que defende o respeito por todas as culturas e que todas as culturas estão em pé de igualdade. É um modo de estar em conjunto com aceitação das diferenças culturais e o acolhimento dessas culturas.

Este modelo acentua o carácter interactivo e relacional do multiculturalismo. «Mais do que uma co-existência pacífica de diferentes comunidades, o modelo intercultural afirma-se no cruzamento e miscigenação cultural, sem aniquilamentos, nem imposições. Mais do que uma simples aceitação do “outro” a verdadeira tolerância numa sociedade intercultural propõe o acolhimento do outro e transformação de ambos com esse encontro.»

. Aculturação – sucede quando duas culturas distintas são absorvidas, uma pela outra, formando uma cultura diferente; conjunto dos fenómenos que resultam de um contacto contínuo e directo entre grupos de indivíduos de culturas diferentes e que conduzem as mudanças nos padrões iniciados num ou nos dois grupos.

. Etnocídio – consiste no extermínio físico e cultural de um povo; destruição sistemática da cultura de um grupo, ou seja, a eliminação, por todos os meios, não só dos seus modos de vida, mas também dos seus modos de pensamento.

. Genocídio – consiste em actos com a intenção de destruir fisicamente, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

Esquecimento vs. Memória:

O esquecimento engloba o perdão e permite mais facilmente atingir a felicidade; por outro lado, pode propiciar a repetição dos mesmos pode impedir a acontecimentos e leva ao desrespeito das vítimas e à tentativa de desagravamento da situação passada.

A memória pode impedir a repetição e mantém o respeito pela gravidade dos acontecimentos; por outro lado, prolonga o ódio, causa o sentimento de vingança e pode impedir a superação da situação.

O ideal será uma combinação das duas linhas de pensamento, com a memória do acontecimento em si e o esquecimento individual das situações terríveis, mantendo-se, no entanto, no conhecimento geral e sendo transmitidas às gerações futuras, para que não haja a repetição.

A dimensão ético-política

A ética e a moral

Moral: conjunto de condutas e normas que são consideradas válidas por um grupo, sociedade ou cultura.

Ética: reflexão sobre o porquê de considerar válidas essas condutas e normas e a sua comparação com outras assumidas por pessoas diferentes.

Enquanto a moral faz parte da vida quotidiana das sociedades e dos indivíduos, a ética é um saber filosófico. Ambas têm o objectivo de nos orientar a formar um bom carácter, que nos permita ser justos e felizes.

A ética e a política

Política: «etimologicamente, é a actividade ou arte de governar a “polis” – cidade-estado. A política é uma forma de enquadramento das relações sociais, propondo-se assim gerir todos os aspectos da vida social de uma comunidade, em função de fins considerados ideais, com vista à realização do bem-estar colectivo. Supõe um poder comum e uma partilha do poder.»

Enquanto a ética tem a ver com a vida privada, a política tem a ver com a vida pública.

(ver manual  textos e organogramas)

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